quarta-feira, 28 de abril de 2010

BRASIL UIM PAÍS SEM MEMÓRIA E BRASILIA UMA DESMIOLADA

BRASIL, UM PAÍS SEM MEMÓRIA E BRASÍLIA UMA DESMIOLADA

Prof. Pedro H. Angueth de Araujo *

Brasília acaba de fazer 39 anos e em suas comemorações nada se viu que fosse dedicado àqueles que a construíram. Não falo da classe dominante que dela participou residindo no Rio de Janeiro ou São Paulo. Não falo de Juscelino Kubitscheck, nem dos idealizadores Lucio Costa e Oscar Neymaier. Nem dos funcionários públicos para aqui transferidos a contra-gosto e seus contracheques recheados de cruzeiros tranquilizadores, dobradinha , moradia definitiva e outras mordomias.
Não falo também daqueles que vieram bem depois de construída a Nova Capital, que aqui enriqueceram ou se fizeram de alguma forma famosos e que hoje posam na mídia de pioneiros.
Falo dos verdadeiros pioneiros. Aqueles que para aqui vieram entre 1957 e 1961, sem nenhuma vantagem especial, que não vender o seu trabalho e o seu entusiasmo para a construção da metrópole do futuro. Daqueles que por amarem esta cidade, aqui ficaram depois dela construída e ainda por cima na luta contínua em busca de sua radicação definitiva por sua própria conta.
Falo daqueles que ficaram anos sem poder prosseguir seus estudos porque aqui ainda não havia colégios e universidades. Falo daqueles que viveram no ermo do cerrado sem jornal, lazer e sem nenhum conforto. Falo daqueles que de certa forma perderam o contato com o resto do mundo por longo tempo para construir esta cidade, já que naquela época só havia o rádio, o que pouca coisa adiantava. Para se ter uma idéia, uma viagem daqui a Goiânia, levava de 12 a 16 horas. Em época de chuva mais que isso. Viajar a outros locais, só de avião. Nem quase todos podiam. E a maioria dos casados deixaram suas famílias nas cidades de origem por completa falta de estrutura aqui para trazê-los.
Esse é o verdadeiro pioneiro, até jocosamente apelidado de "piotário", porque se chegou à conclusão de que fora o único que não levou vantagem em nada. Construiu a Capital para os outros.
E quem se lembra deles hoje, quando se comemora 39 anos da existência de Brasília? Infelizmente ninguém. Essa atitude da mídia só nos faz lembrar que o Brasil de fato é um país sem memória e que Brasília por isso é também uma desmiolada.
Mas não é só a mídia que é culpada. Quantos Pioneiros são considerados Cidadãos pela Câmara Legislativa do Distrito Federal? Não que eu julgue essa Instituição Pública legítima a fazê-lo, já que seus integrantes via de regra não são aqui nascidos, mas como um reconhecimento de relevantes serviços prestados à cidade por essa classe de seus habitantes. Volto a perguntar, quantos?
Assim como os índios autóctones da "Terra Brasilis" foram substituídos historicamente pelos Portugueses ávidos de riqueza que aqui aportaram, os Pioneiros de Brasília estão sendo substituídos pelos Políticos e Empresários que só levaram vantagem quando para aqui vieram.
É uma pena.
*Professor Universitário - Mestre em Educação.

HONESTIDADE

HONESTIDADE


Prof. Pedro H. A. de Araujo

A honestidade é o produto do fluxo e refluxo da nossa atividade consciente face a um problema de ética humana e objetiva, dentro dos padrões hodiernamente observados pelo homem comum.
Que poderíamos dizer como cidadãos a respeito do mesmo vocábulo? Em primeiro lugar poderíamos não dar tanto valor à objetividade da questão; antes de tudo criaríamos em nosso subconsciente um padrão de conduta em que a honestidade seria enquadrada em princípios relevantes, onde o jogo de causas e efeitos pautaria as ações primeiras que envolvem o uso comum da razão, face à problemática que a ação para o termo exige.
Filosoficamente, a honestidade seria considerada como uma atitude própria do indivíduo conscientemente bem formado nas questões profundas da vida, objetivando um padrão interior de paz e serenidade perante a sua própria censura moral, ou seja, a faixa de separação entre o inconsciente e o consciente.
Para melhor exemplificação, devemos observar que consoante os estudos de Freud, o inconsciente segrega as suas atividades instintivas que nem sempre podem vir à tona, sendo reprimidas pela nossa censura moral ou faixa de afloramento. Assim, depois de interiorizado um determinado tipo de comportamento moral ou ético, aceito pelo próprio indivíduo e de acordo com os ditames da sociedade, ele será facilmente acionado quando for necessário e o será automaticamente.
Nos casos em que esse comportamento moral ou ético não condiz com sua acepção universal, é comum os protagonistas deixarem rastros ou pistas para que no futuro sejam descobertos.
Religiosamente, poderíamos pautar essas atitudes dentro dos códigos ou dogmas regentes do comportamento conveniente para as diversas denominações religiosas, visando frear as atitudes humanas consideradas inadequadas. Nesse caso, quando o homem não se adequa a esse sistema, dele se retira, ou aparecem os diversos tipos de culpas.
A Ética e a Moral houveram por bem, discriminar as condutas mais convenientes ao bom funcionamento das relações dos indivíduos entre si, dentro de padrões considerados aceitos. Procuram dar ao homem condições de hábito que pode elevá-lo a uma categoria melhor, na medida que vai sentindo o sabor da verdade primordial e criando para seu próprio uso, uma pequena filosofia ética.
Para os buscadores da verdade, a honestidade exterior, objetiva, é apenas o reflexo da ação interior, daquilo que está armazenado no mais profundo do ser humano. Quando ali arquivados e catalogados, formam parte da própria personalidade, sem que sofram qualquer influência do tempo e do estado das coisas.
Portanto, quando vemos hoje tantas infrações éticas e morais e procuramos saber por que elas estão acontecendo tão amiudadamente, culpamos tudo, menos o período de formação desses indivíduos, cuja máscara cai a cada vez que são investigados. Por trás de suas vidas, poder-se-á ver claramente que suas formações filosóficas e educacionais gerais não tiveram o cuidado necessário de preservá-los de comportamentos dessa natureza. Agem como se o normal fosse ser aético e amoral. Pensam estarem certos no que fazem sem atentar para as conseqüências que provocam.
Honestidade é algo que vem de dentro, mas tem que ser colocado lá.