segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

AS MISÉRIAS DO SER 5 (Continuação)

5. A MISÉRIA DA POLÍTICA

Compulsando o autorizado Dicionário de Política de Norberto Bobbio, Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino, em seu volume 2, pág. 954, no verbete Política, vamos encontrar o seguinte:

I. O significado clássico e moderno de Política – Derivado a do adjetivo originado de polis (politikós), que significa tudo o que se refere à cidade e, consequentemente, o que é urbano, civil, público, e até mesmo sociável e social, o termo Política se expandiu graças à influência da grande obra de Aristóteles, intitulada Política, que deve ser considerada como o primeiro tratado sobre a natureza, funções e divisão do Estado, e sobre as várias formas de Governo, com a significação mais comum de arte ou ciência do Governo, isto é, de reflexão, não importa se com intenções meramente descritivas ou também normativas, dois aspectos dificilmente discrimináveis, sobre as coisas da cidade.
...Na época moderna, o termo perdeu seu significado original, substituído pouco a pouco por outras expressões como “ciência do Estado”, “doutrina do Estado”, “ciência política”, “filosofia política”, etc. passando a ser comumente usado para indicar a atividade ou conjunto de atividades que, de alguma maneira, têm como termo de referência a polis, ou seja, o Estado.
II. ...O conceito de Política, entendida como forma de atividade ou de práxis humana, está estreitamente ligado ao de poder. Este tem sido tradicionalmente definido como “consistente nos meios adequados à obtenção de qualquer vantagem” (Hobbes) ou, analogamente, como “conjunto dos meios que permitem alcançar os efeitos desejados” (Russell). Sendo um desses meios, além do domínio da natureza, o domínio sobre outros homens, o poder é definido por vezes como uma relação entre dois sujeitos, dos quais um impõe ao outro a própria vontade e lhe determina, malgrado seu, o comportamento.

Não nos alonguemos muito nos conceitos. Somente por estas poucas definições estamos aptos a ver que o que se faz hoje em termos de Política, enquadra-se tanto nas parcas definições que alinhamos, mas também em outros pressupostos. Fazer política é certamente uma coisa, entretanto, o que fazer com a política é outra. E é nessa segunda acepção que se baseiam nossas idéias neste artigo.
Nem é preciso estudar muito ou ser muito inteligente para interpretar o que nossos políticos em todas as esferas com um tema que de tão importante gerou uma graduação acadêmica denominada Ciência Política. Tenho sérias dúvidas se os nossos políticos – e aqui eu falo de Brasil – sabem o que é política ou se sabem apenas o que fazer com ela.
Sabemos que o exercício do Poder é difícil, trabalhoso, auspicioso para quem sabe exercê-lo, mas que gera o risco de se aproveitar mal as oportunidades pessoais que dá, no sentido de se poder tudo, inclusive de corromper e ser corrompido.
É necessário possuir um caráter ilibado e uma personalidade bem formada para tal. E pelo visto, temos constatado que poucas são as pessoas que possuem tais atributos. Só no ano passado, não houve quase uma semana sequer sem que a imprensa não trouxesse a notícia de um caso de corrupção envolvendo uma ou mais personalidades políticas. E pior, muito pouco se fez no sentido da punibilidade do ato, na mesma medida do fato. Esse é outro reflexo do poder político, a impunibilidade, que no nosso país mostrou a cara, envergonhando a nação e o povo, como que dizendo, e daí, fiz, faço e nada acontece.
E o pior vem aí: muitos destes mesmos políticos são ou reeleitos ou voltam ocupando cargos da maior importância na máquina do governo. Tem solução? Claro que tem, mas quem se habilita a resolver?
Por isso sou contra a campanha que fizeram contra o Tiririca. De tudo que disseram dele, será que um tipo como ele teria condições de se engolfar numa trilha de corrupção? No meu entender, para fazer parte da rede de corrupção há que ser inteligente e até por que não, academicamente bem formado, capaz, por isso mesmo, de enxergar os nichos que os aproveitadores sempre encontram.
No máximo o Tiririca será um zero a esquerda devido ao forte preconceito que contra ele tem sido nutrido desde o início. Mas o outro que já se locupletou do poder e que volta a ele de uma forma ou outra (ninguém quer deixar o poder – Fernando Henrique Cardoso é um herói por isso a meu ver), quer sempre outra chance de fazer mais por si próprio.
Essa é em tese a Miséria da Política. É como uma doença incurável que acomete uma certa classe de pessoas (sem caráter ou com defeito de caráter) como se fosse um câncer. No entanto, esses seres miseráveis não sabem que estão doentes e nem que essa doença não tem cura.
Esses que nomeei como corruptos (e são muitos), talvez faleçam um dia com a chancela dessa terrível doença. Com certeza, no seu obituário não constará qualquer nódoa tirada de sua biografia, mas aqueles que viram sua doença não esquecerão jamais.
E quanto mais ao povo é negada a educação (seja familiar, religiosa, acadêmica ou social) necessária ao entendimento que suas inconscientes opções provocam, mais chances haverá de no futuro ainda bem distante, perdurar essa praga que atrapalha o florescimento da boa semente que poderia vicejar, não fossem as circunstâncias adversas, tão claramente observadas hoje.
(Refletindo na mudança de governo)

(continua na próxima 2ª feira)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

AS MISÉRIAS DO SER 4

4. A MISÉRIA MORAL E ÉTICA

Devo começar esse artigo ressaltando que a maioria das pessoas em qualquer nível escolar e/ou acadêmico, não conhecedores de filosofia, confunde os termos Moral e Ética.
Moral é um termo cujo significado deu muita importância um filósofo de nome Immanuel Kant, que em suas proposições na obra Crítica da Razão Pura, faz inclusive essa confusão.
A Moral é antes de tudo circunscrita aos comportamentos humanos, derivados das regras sociais. Podemos dizer em complemento, que a Moral é geográfica, ou seja, cada país ou grupo de países tem a sua moral.
Os costumes são classificados conforme a moral social vigente. Por exemplo, uma mulher oriunda do Brasil, por exemplo, estaria obrigada a mudar seus costumes de moda se fosse viver em quaisquer países de cultura mulçumana, pois as leis lá vigentes, em decorrência do Islamismo, restringiriam sua liberdade em relação ao corpo. Corpo, no caso aqui, é apenas um exemplo.
As condutas morais mais rígidas são preferencialmente ditadas pelas religiões, que trazem em si uma longa história de costumes já vencidos e obsoletos, em relação à modernização da sociedade e a permissividade das conquistas sociais ao longo, principalmente dos últimos cinqüenta anos.
A moral não é definida pela vontade de cada um, mas seguida pelas regras impostas inicialmente pela família, pela religião e pelas leis sociais. O que tem acontecido ultimamente é que, tendo a família se desagregado muito nos últimos anos, a tendência dos jovens atuais é não seguir muito a cabeça dos pais e sim a moda imperante em cada faixa etária, grupos de amigos e manifestações sociais; como o mesmo fato tem acontecido com a religião, à qual os jovens não estão muito ligados, não recebem diretamente dela nenhuma imposição e finalmente, as leis sociais, têm se tornado mais flexíveis, devido ao avanço dos chamados direitos humanos, o que muitas vezes impede ações coercitivas dos direitos privados, apesar de atentado ao pudor ainda ser capitulado nos códigos.
A Moral está ligada aos valores imperantes na sociedade. Isso quer dizer que à medida que as culturas sociais mudam seus valores, quer se descartando de alguns ou assimilando outros, todo um padrão de comportamento vai mudando sem que as pessoas se apercebam disso.
O exemplo clássico é a cultura americana sendo inserida em outros países via filmes, uma vez que 90% deles têm origem nos Estados Unidos da América, a mudança de comportamento via esse expediente é de uma forma assustadoramente subliminar. Aliás, essa é intencional. O estado americano intencionalmente aproveita todas as oportunidades para exportar o “América Way of Life”, modo de vida do país, na tentativa de obter facilidades em todo o mundo. E o mundo tende a copiar isso. Veja-se por exemplo: a música, os nomes das lojas e firmas comerciais, e até os processos (veja-se Delivery, por exemplo). Só que atrás de tudo isso vem também a moral lá praticada.
O termo Ética já tem uma origem diferente e nos é dado primeiramente por Platão em diversas de suas obras, assim como Aristóteles no livro Ética a Nicômaco. Para esses autores e para a maioria dos autores que tratam do assunto, a Ética está ligada às virtudes.
Se um homem não é virtuoso, não pode ser Ético. Isso nos leva a considerar a Ética um estágio superior à Moral. A ética está ligada aos recessos mais profundos do ser. Está ligada às mansões interiores de cada um, ou as Moradas da Alma, conforme bela descrição de Tereza D’Ávila.
A Ética está ligada ao que o homem é e não ao que parece ser. Por suposto um ser ético jamais é não moral, imoral ou amoral. Respeitando a moral geográfica, fica isento de suas conotações. Sendo ético, não trai o seu eu interior em quaisquer circunstâncias, pois essas somente ele conhece.
O estatuto ético do ser lhe dá um tipo sutil de comportamento, aliás pouco percebido pelos outros, mas que, indubitavelmente o torna diferente de tantos outros que o rodeiam.
O ser ético é incapaz de trair, difamar, preconceituar, julgar, fazer mal a quem quer que seja, inclusive aos seres da natureza. Por isso é sempre um ser justo primeiramente com sua consciência, e esta é sua suprema fonte de esclarecimento. Por isso ele tem que possuir as virtudes mais elevadas, pois estas não permitem que ele traia a si mesmo, traindo os demais.
Por isso, quando vimos propalados pela imprensa os gritos difusos de “Ética na Política”, “Ética no poder”, podemos logo observar que são expressões da ignorância humana.
Por suposto um Político, um homem de Poder (seja político, empresarial, ou financeiro) é uma sobeja incongruência. A Ética não combina com nenhum deles. Dizer que existe um Político, um homem de Poder, um Empresário, um Banqueiro, ético, é estar mentindo a sim próprio e a todos os outros.
Se o Ser é Ético ele jamais será nenhum deles, pois isso é impossível. O exercício de certas profissões ou afazeres é plenamente incompatível com o comportamento exigido para o êxito destas empreitadas.
O que melhor espelha o comportamento dessas classes de pessoas é a Imoralidade das atitudes que cinicamente abraçam, como se fosse as mais aceitáveis, recomendáveis e admissíveis.
Vejamos por exemplo: o recente aumento de apenas 62% dos salários dos parlamentares em cascata para todos os outros legislativos, judiciários e etc.. Pergunta que não quer calar, de quanto será para os aposentados que deram sua vida no trabalho cotidiano. Isso sem falar em outras falcatruas que vez por outra são denunciadas pela imprensa (quase diariamente)? Onde fica a Ética diante de tanta Imoralidade?
Do que se conclui que num País no qual 50% da população não sabe interpretar o que lê, e grande parte da outra (letrados, acadêmicos, jornalistas, publicitários, políticos e homens ou mulheres de poder), confundem o que sabe, é sempre necessário rever os significados de alguns termos, no presente caso Moral e Ética.
O Comportamento Ético é o primado dos seres elevados. O comportamento Moral é o primado dos seres submetidos às regras convencionalmente aceitas pela sociedade, ainda que decadentes.
Podemos concluir que: o Ser moral é aquele que não age em prejuízo dos outros e o Ser ético é aquele que não age em prejuízo de si mesmo.

(continua na próxima 2ª feira)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

AS MISÉRIAS DO SER (Continuação)

3. A MISÉRIA DO INTELECTO

O termo intelectual que muitos jactam-se de possuir, atribui a quem verdadeiramente o tem por imposição de outros ou de si mesmo, um aura de excelência que é no mínimo discutível.
Antes da era tecnológica, era intelectual quem escrevia e publicava belas páginas, ou artistas que produziam belas obras.
Com o advento da era tecnológica, outros tantos talentos humanos ganharam o direito de serem chamados de intelectuais devido à suas visibilidades.
Não vou recorrer a um dicionário para explicitar o que significa o termo intelectual. Vou a um local hoje mais popular: a Internet, através do Google, chegando à página do Wikipédia, que qualquer um pode acessar.

“Um intelectual é uma pessoa que usa o seu "intelecto" para estudar, refletir ou especular acerca de idéias, de modo que este uso do seu intelecto possua uma relevância social e coletiva. A definição do intelectual é realizada, principalmente, por outros intelectuais e acadêmicos. Estes definem o termo segundo seus próprios posicionamentos intelectuais, fato este que complexifica a definição. Autores como Bobbio e Lévy concordam com um aspecto em comum: o intelectual é definido pelo meio social no qual vive ou no qual estabelece sua trajetória social”.

Vamos agora tentar explicitar cada termo importante dessa definição.
Intelecto:
Quando consultamos vários tipos de dicionários vamos encontrar semelhantes definições, assim sendo, vamos escolher para nossa proposição o seguinte:
Intelecto: faculdade congnitiva pela qual as impressões recebidas pelos sentidos se tornam inteligíveis.
Agora, façamos uma pergunta pertinente. Será que todos, indistintamente têm capacidade para tornar intelegível a impressão recebida? Será que essa inteligibilidade não estaria comprometida numa mente não cultivada? Será porquê nem todos interpretam da mesma maneira as impressões recebidas? Onde fica a diferença?

Passemos adiante para melhor esclarecer esse ponto.
Estudar, refletir ou especular acerca de idéias:
Ora, para cumprir todos os dispositivos descritos acima, há uma série de condições prévias impostas, para o completo desfecho da oração destacada. Estudar requer oportunidade, vontade, dispêndio de energia e método, tudo isso arrumado, com o fim de se atingir um objetivo. Refletir já requer um procedimento um pouco mais complicado, pois é uma etapa que exige tomar conhecimento antes de algo, ou conhecer para depois poder refletir. Assim refletir também vai requerer algo específico. Em vários dicionários vamos encontrar:

Pensar maduramente; meditar, reflexionar:
Mais uma vez obtemperamos, para que se possa cumprir esses dispositivos há que se estar mentalmente bem formado e também porque que não, bem informado. Para se pensar maduramente há que se ter um intelecto bem formado e treinado em várias facetas do conhecimento bem como da experiência. O que nos leva a poder especular acerca de idéias que só uma mente rica de imagens pode conceber.
Podemos já num lance de “clarividência” tentar encontrar, mesmo que mentalmente que ser é esse que pode objetivar todos esses atributos. No meu modesto modo de pensar atribuiria o título de intelectual somente a alguém que tivesse as condições plenas de exibir com propriedade os requisitos acima destacados, ainda que a relevância social e coletiva não seja, pelo menos no momento, objeto de consideração.
Esse é um dos pontos capitais que distingue as sociedades avançadas das atrasadas. Somente quando pelo menos a maioria dos componentes de uma nação puder ter a oportunidade de ter as impressões recebidas pelos sentidos de forma inteligível; quando tiverem a oportunidade e a capacidade de estudar, refletir ou especular acerca de idéias; quando puderem pensar maduramente, meditar e reflexionar, aí sim se pode dizer que temos intelectuais suficientes para saber pelo menos o que é uma nação.
Começamos a entender a partir daí o fato de sermos um país atrasado. O nosso atraso não entra tanto na agenda econômica e financeira como quer nos convencer os detentores do poder do estado. O nosso atraso é cultural e intelectual. Temos uma população em torno de 190.000.000 (cento e noventa milhões) de pessoas, dentre as quais mais da metade é analfabeta, semi-analfabeta ou analfabeto funcional. Esse contingente destituido do mínimo para ser tornar verdadeiramente cidadão, compõe hoje uma massa, dentre os quais o chamado “politicamente correto” está recrutando quadros para o seu andamento cotidiano. Esse exército intelectualmente negativo em quase nada contribui para a relevância e desenvolvimento do país.
Vivemos sem dúvida uma era de miséria do intelecto no Brasil. Famílias desestruturadas que nada podem fazer, escola ruim para todos, formação acadêmica deficiente, esse é o quadro em que estamos imersos. Somente num país como o nosso uma pessoa é capaz de navegar por todo um curso acadêmico sem ter lido siquer um único livro.
Chance de studar, refletir ou especular acerca de idéias e pensar maduramente; meditar e reflexionar são atributos que pouquíssimas instituições no Brasil são capazes de fornecer aos membros de nossa sociedade.
Mais uma vez, como já tenho dito anteriormente, o Estado deveria muito se preocupar, através de políticas públicas eficientes e dirigidas a alvos bem definidos (com algum tipo de deficiência) com o fim não só de corrigir o que está ai, mas, e principalmente, proporcionar um avanço contínuo para as mentalidades de seus cidadãos, como forma de, no futuro, poder orgulhar-se das novas posições possíveis a que o país pode chegar no “ranking” mundial entre outras nações.
Sinto que pela minha idade cronológica já vivida, talvez não vá poder presenciar o fato auspicioso de ver o Brasil no concerto das melhores nações para se viver, no entanto não vou me calar por causa disso. Tenho descendentes que merecem uma melhor visão de futuro do que a que temos até agora, pelas circunstâncias de que podemos tomar conhecimento.
(Continua na próxima 2ª feira)

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

AS MISÉRIAS DO SER (Continuação

2. A MISÉRIA DA IGNORÂNCIA


Prof. Msc, FRC, Pisc. Pedro Henriques Angueth de Araujo
http://www.pedroangueth.blogspot.com


A ignorância é um dos três pilares dos defeitos do homem que o impedem de alcançar a verdade, segundo o Iluminado Buda.
De fato, isso se verifica, quando examinamos a questão. Vejamos segundo a minha ótica como se produz, reproduz e se torna permanente na vida do ser.
Como se produz:
A ignorância pode ser produzida, reproduzida e perpetuada pela família. Aliás a família é o principal repositório da ignorância universal. É comum as pessoas se casarem (experiência ainda com sexos diferentes), e ver que ao longo dos anos, na procriação dos filhos e na convivência diária, a instalação de um processo contínuo de infelicidade. Brigas, dissensões, controvérsias, desejos insatisfeitos, impaciência, intransigência, e mais outras dezenas de situações, mantêm-se por toda uma vida, trazendo tristeza e revelando a incompetência das pessoas para criar harmonia.
Há desrespeito do marido para com a esposa e vice-versa, e dos dois para com os filhos. Via de regra, sem reconhecerem que todos somos diferentes (uma digital para cada ser humano), querem criar cópias de si mesmos, na ignorância de deixar para o futuro fantoches com procuração para imitá-los em tudo.
Escolhem nomes esdrúxulos, obrigam a seguir os mesmos credos (civis e religiosos), mais tarde ficando decepcionados porque eles mudam seus caminhos. Não percebem que os tempos e o ambiente não são os mesmos de sua época de criança e adolescente.
A ignorância pode ser produzida, reproduzida e perpetuada pela escola. Essa é de fato no meu entender uma das piores ignorâncias que se produz na sociedade, pois ela é planejada com esse fim.
Quando o estado (nesse caso falo do Estado Brasileiro) cria um modelo de ensino, o faz pensando em seu produto final. Ora, o que o estado brasileiro tem desejado como produto final, é um ser (homem ou mulher) destinado às fainas do trabalho, cujo ideário se assenta no dinheiro, em seu poder de produzir ou corromper.
Nunca, até agora, preocupou-se com o saber legítimo que advém do PENSAR, REFLETIR e CRITICAR. Como disse, em um artigo anterior, pensar, refletir e criticar é muito perigoso. E como o brasileiro só lê em média 3,6 livros por ano, pode-se concluir que a escola é um verdadeiro sucesso, para os desejos do Estado. Isso, só falando em livros; jornais e revistas nem pensar. É um horror para quem entende um pouquinho de educação e outro tanto de democracia.
A ignorância pode ser produzida, reproduzida e perpetuada pela mídia. Nesse caso a mídia mais visada é a televisiva, uma vez que não exige outros conhecimentos (livros, jornais e revistas) para ser desfrutada. Quantos programas realmente úteis produz a mídia (principalmente as TVs abertas). Examine canal por canal e caímos num poço profundo e sem fundo. Entretenimento barato, noticiário barato, ambos destinados a serem absorvidos sem reflexão e sem crítica. É ela que geralmente elege nossos representantes em todos os níveis.
A ignorância pode ser produzida, reproduzida e perpetuada pela Igreja. Sinto que a maioria dos meus leitores não vão concordar com isso. Mas vejamos: neste artigo estou falando de Igreja e não de Religião. Alguém por acaso sabe o que é o Tribunal do Santo Ofício da Igreja Católica? Pois bem, foi o criador e executor da Santa Inquisição, aquela mesma que perseguiu e matou e torturou tantos cidadãos e cidadãs, na mesma proporção das guerras até agora havidas em nosso planeta. Quem for curioso pode ler obras, como por exemplo, O Martelo das Feiticeiras, O Papa Negro e tantas outras de cunho sociológico já escritas até agora. Alguém já ouviu falar em OPUS DEI. Movimento espanhol do Padre Echeverria, tão tenebroso como a inquisição? Toda religião é boa, os homens é que a estragam. Todos os seus dirigentes mentem e enganam, no afã de ganhar prosélitos. Prometem o que não podem cumprir. A Reforma de Lutero produziu um monstrengo como o Calvinismo, de onde vieram tantos grupos de várias denominações. São tão fundamentalistas como qualquer ramo do Islamismo. Estas tantas outras Igrejas pretendem até dirigir a vida íntima das pessoas. Absurdo. E tudo isso, pasmem, em nome de Deus e de Jesus, que na verdade não tem nada a ver com isso tudo. Por último, cito um Doutor da Igreja, Tomás de Aquino (vulgo santo) que em sua obra Summa aos Gentios, fez questão de afirmar que a Igreja criou os Dogmas com destino aos analfabetos e de pouca instrução para que pudessem cabestradamente seguir os ditames da Igreja, sem nenhuma discussão ou discordância. Só que em nosso tempo, esses Dogmas estão na cabeça de pessoas até academicamente privilegiadas.

(Continua na próxima 2ª feira)

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

MENSAGEM DAS 2ªS FEIRAS

AS MISÉRIAS DO SER

Prof. Msc, FRC, Pisc. Pedro Henriques Angueth de Araujo
http://www.pedroangueth.blogspot.com


1. MISÉRIA MATERIAL

Todos sabemos que, sem um mínimo de apoio material: dinheiro, casa e comida, torna-se impossível uma vivência digna a qualquer ser humano. Isso é o óbvio e lógico raciocínio que se deve levar em consideração, quando se fala em sobrevivência.
No entanto, temos também que refletir sobre como se deve angariar esses requisitos básicos, para que uma vida se torne realmente digna.
A fome naturalmente, sempre foi um dos pesadelos e sofrimentos do ser humano, um dos mais aterradores. Só quem já passou por essa experiência sabe o quanto é doloroso passar diretamente por ela, e em piores circunstâncias ver seus familiares próximos submetidos à essa extrema falta.
Aprendemos ao logo da vida que a subsistência deve ser obtida com trabalho, esforço e abnegação. Até a Bíblia assim o demonstra, quando Adão e Eva foram expulsos do paraíso.
A fome campeia no mundo desde tempos imemoriais. E não teria mais sentido, após o advento da agricultura na criação de excedentes de produção, não fora o incipiente desenvolvimento humano.
Hoje com o extraordinário avanço tecnológico e acadêmico que a humanidade conseguiu, entende-se menos a existência da fome no mundo, pois as fronteiras agrícolas ainda são crescentes e as técnicas de plantio e colheita permitem abundantes safras.
No entanto, conflitos político/administrativos, não permitem que todos os cidadãos do mundo possam usufruir de uma alimentação que lhes permita sobreviver com dignidade.
Junto comigo, todos poderiam citar um sem número de soluções para esta questão. Mas para esse nosso artigo, vou me referenciar às questões que atingem somente o nosso país e que estão ligadas ao campo.
Muito já se falou daqueles nossos irmãos que passam fome, são mal nutridos e condenados pelo resto da vida a viver vidas miseráveis por causa dela. Porém há várias alternativas básicas que podem ser implementadas para acabar com tal situação.
Nossos governos, desde o advento de FHC resolveram lançar mão do auxílio financeiro direto, denominando: bolsa família, bolsa educação, bolsa qualquer coisa, etc., na tentativa de minorar situação tão evidentemente da fome que grassa em nossa terra. Tomou essa via por ser emergencial, e, que ninguém teria coragem de condenar.
No entanto, tal solução de emergencial, vai se tornando perene, uma vez que nenhum plano foi elaborado com vistas a tornar esses hoje aquinhoados, algum dia independentes dessas “esmolas” do Estado.
Dessa forma, podemos prever daqui para frente, gerações inteiras de clientes do Estado e, sabendo-se de que o crescimento da natalidade se dá, ordinariamente, nas classes mais pobres, espanta-nos ver que ao longo dos anos vindouros, com o crescimento vegetativo dessas populações, quantos clientes novos se farão apresentar! Quanta calamidade a mais!
Urge, portanto, que o Estado elabore políticas públicas destinadas a atender de forma digna essa faixa de nossa população. Tais políticas devem alcançar todas as necessidades humanas, desde Educação e assistência à Saúde, bem como distribuição de terras para plantio de forma adequada, ou seja, com a criação de Cooperativas de amplo espectro, ou seja, desde as sementes até a comercialização dos excedentes. Não deixar nenhum membro dessas famílias sem escola e sem saúde.
Tenho certeza de ser esse um plano de Salvação Nacional, que se for bem conduzido e nele acreditando toda a Nação, até os fazendeiros ricos e com terras plenamente agricultáveis, mas sem uso imediato, se fariam presentes, colaborando assim não só para a erradicação da fome, mas e principalmente formando uma legião de cidadãos úteis, primeiro a si mesmos, depois a toda a região onde atuam.
Matar-se-ia 5 (cinco) coelhos de uma só cajadada, ou seja, criaríamos um pólo de subsistência digna de milhares de famílias, criando ainda por cima um excedente que constituiria renda para outras despesas provenientes de outras necessidades; daríamos educação e instrução a todos dessa faixa populacional que quisessem delas usufruir, mas preferencialmente aos jovens à partir da escola fundamental; proporcionaríamos formação profissional, preferencialmente na área de atuação familiar; manteríamos a saúde para que as tarefas atinentes possam ser alcançadas; e por último mataríamos o tão indesejado MST.
Para tanto será necessária uma reforma mental em nossos políticos, pois a questão é política, visto o uso eleitoral decorrente das dádivas concedidas.
Qual governo se habilita a pelo menos pensar no assunto?


(continua da próxima 2ªfeira)
29.11.2010

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

PSICANÁLISE, de onde, para quem.

PSICANÁLISE: De onde, para quem.

Prof. Msc, FRC, Psic. Pedro Henriques Angueth de Araújo
http//www.pedroangueth.blogspot.com


Não seria possível a qualquer ser humano, desconhecer que a Psicanálise é uma construção de autoria de Sigmund Freud. É tão identificada a origem dessa construção, pois ela levou 50 (cinqüenta) anos para fechar-se sobre si mesma com o advento da morte de Freud.
Guiado por uma forte intuição, senso de observação e arguta disciplina cientifica, nunca teve medo de mudar seus modos e métodos de investigação. Também teve a humildade para aprender. Seja com Breur na Salpetrerie e com aulas de Charcot em Paris, ou com seu confidente Fliess, procurou assimilar tudo quanto pôde, para depois tudo modificar e integrar num todo intelegível. Além do mais não tinha receio de recuar e modificar suas teorias, como o fez, por exemplo, com a Teoria da Sedução.
Também teve coragem de romper com parceiros e colaboradores, quando esses desviaram-se de suas idéias, como aconteceu com Jung, Rank, Reich, Ferenczi, Adler,. Tausk e outros. Queria manter na integralidade suas descobertas e suas construções.
Mas alguns de seus construtos principais não puderam ser rechaçados por nenhum de seus seguidores. Tanto a primeira tópica: inconsciente, pré-consciente e consciente, como a segunda: id, ego e superego, iriam se tornar de emprego universal, assim como a técnica da livre associação, seja ela verbal ou simbólica, a análise dos sonhos e a sexualidade infantil.
Desse modo, estava fechado o círculo a que não se poderia fugir, face às evidências de sua realidade. Pensando bem, a época dessas descobertas era, sem dúvida, a mais propícia para a sua emergência.
Histórica e sociologicamente analisada, a época era de repressão: 1. sexual e social nas mulheres, que não podiam usufruir dos prazeres naturais do sexo, pelos tabus vigentes; nem dos prazeres sociais, pois as mesmas não tinham liberdade para tal, submetidas que estavam a pais e a maridos. Além disso, havia subterraneamente muitos casos de abusos sexuais dentro das próprias famílias; 2. aos homens, importava casar cedo para usufruir do sexo sem problemas, pois naquela época grassava um surto de sífilis, cuja doença não tinha cura e incapacitava o homem pelo resto de seus dias. Essa doença era comumente transmitida pelas mulheres de vida fácil; 3. toda a sociedade estava submetida a um regime político autoritário, contra o qual não se admitia argumentação.
No entremeio de tudo isso, explodia a 1ª Guerra Mundial – 1914-1918, tendo nela lutado, um dos filhos de Freud.
Tudo isso formava um quadro fértil para a percepção de traumas, recalques, castrações, neuroses de vários matizes, fobias, agorafobias, bem como várias outras afecções da psique.
Enfeixado tudo isso, e no meio de tudo isso, derivada das reuniões das quartas-feiras, o círculo em volta Freud resolve fundar a IPA – International Psicanalyse Association (Associação Internacional de Psicanálise), que de ora em diante cuidaria da legitimidade e da transmissão da teoria e da técnica psicanalítica.
No entanto, como já se disse anteriormente, vários companheiros de Freud desertaram, por um motivo ou outro, (não cabe aqui discutir as razões individuais nem tampouco combatê-las), estabelecendo cada um “per si” sua própria teoria (sempre de alguma forma derivada de Freud), como sua prática. Quebrava-se primeiramente com Theodore Reick, a primazia do tratamento feito somente por médicos (vide texto do próprio Freud sobre Análise Leiga, Vol XX de suas Obras Completas) e posteriormente com Melanie Klein, a psicanálise original sofreu algumas mutações, assumindo o colorido conveniente para cada situação, sem no entretanto, fugir da dogmática principal.
Talvez os autores de teorias mais proficuamente mutantes foram: Ferenczi, Melanie Klein, Winnicott, Wilpert R. Bion, Henri Kohut, Lacan, Didier Anzieu e A. Green, só para falar de uns poucos e de alguns que estiveram mais perto de Freud, com relação ao tempo. O fato é que a Psicanálise ganhou o mundo livre e se instalou definitivamente entre nós.
A psicanálise brasileira e latino-americana data de em torno de 1950. De lá para cá, tem refletido com as mesmas nuances, o pensamento Inglês ou Francês, através de seus teóricos ou da formação especifica de cada linha.
No entanto, nesses últimos 60 (sessenta) anos, a sociedade global sofreu a mais marcante de suas mutações ao longo da história. O leste europeu se fechou por 70 (setenta) anos para depois de abrir com um estrondo político, econômico e social de grandes proporções, obrigando a Alemanha a uma mudança radical e aos outros países uma reconstrução de base; a era industrial instalou-se definitivamente e posteriormente no mesmo sentido a era tecnológica, dando ensejo ao aparecimento inevitável da globalização.
No Brasil tivemos o maior e mais rápido índice de urbanização do mundo, com o quase abandono do meio rural, pelas famílias que ainda produziam alguma coisa e o conseqüente inchaço das cidades; as mulheres fizeram (como de resto em todo o globo), uma revolução silenciosa e afinal adquiriram sua independência econômica, financeira e sexual, e até 1989, estivemos constantemente sob a ameaça de uma 3ª (terceira) guerra mundial pela polarização das forças políticas e geográficas, mantida pela guerra fria entre os blocos ocidental e oriental; a Iugoslávia acabou de maneira sangrenta, gerando depois conflitos étnicos de grandes proporções; todos os países comunistas se democratizaram e se ocidentalizaram, com a execessão da China, Coréia do Norte e Cuba.
A China para sobreviver inventou um regime comunista misto que está conseguindo levar não se sabe por quanto tempo; a Coréia do Norte está entrincheirada, dando trabalho ao resto do mundo, não se sabe por quanto tempo, assim como Cuba, esta, obrigando sua população a uma vida miserável; os conflitos do Oriente Médio, nunca foram e não sabe se serão resolvidos a contento, porque os Estados Unidos o instiga e o governo Bush resolveu sem mais nem menos, ser o juiz do mundo em causa própria.
Diante desse quadro, como fica a psicanálise?
Por incrível que nos pareça, a psicanálise ficou bem. Hoje em quase todas as Instituições de Ensino Superior que se preze, há quando pouco, um curso de Pós-Graduação em Teorias Psicanalíticas Aplicadas. Vários outros cursos de formação psicanalítica foram instituídos, proporcionando a quantos queiram o conhecimento mais aprofundado do assunto, e para aqueles vocacionados uma formação variada que os testará em sua nova atividades profissional, seja ela docente ou no consultório.
As mulheres como já vimos antes ganharam também um espaço precioso para o exercício de suas vocações analíticas e estão obtendo o sucesso esperado. Não há literatura sobre o desenvolvimento da humanidade que não mencione a importância da psicanálise no concerto dos avanços identificados.
No entanto, se compararmos as necessidades de conteúdo que eram suficientes para o exercício da profissão até meados do Séc. XX, com as de hoje, verificamos uma ampliação considerável, tendo em vista não só o avanço tecnológico do planeta, bem como o avanço e a diversificação social dos interesses, demandando mais educação e preparação psicológica dos postulantes.
Nesse ínterim, meados do Séc. XX, e início do Séc. XXI, uma brutal transformação aconteceu na sociedade global, fazendo aparecer em pouco tempo, síndromes e situações que antes não eram suscitadas pela maior simplicidade social.
Hoje, para uma boa formação do Psicanalista, há que se atentar para conhecimentos complementares, em Sociologia, Filosofia, Antropologia, História, Psicologia e algumas informações pertinentes em Medicina, Psiquiatria e Neurociências.
Sabemos diante desse enorme conteúdo, que ele não é factível de ser transmitido no bojo dos cursos então existentes, por mais longos que possam ser. Ficarão por suposto, a cargo do autodidatismo de cada profissional.
Diante do exposto, ao mesmo tempo, que se abriu um leque no campo da formação do Psicanalista, vemos por outro lado, que sua competência e sobrevivência enquanto profissional está “ispo facto”, diretamente vinculado a estudos e formação constantes ao longo da vida, não só para entender a evolução da teoria, como as novas formas de abordagem das novas facetas com que nos apresentam os novos comportamentos humanos e seus diversificados problemas. Até porque, recorrem hoje à Psicanálise um grande número de novos pacientes com problemas nunca tratados ou pesquisados.
Além disso, a teoria psicanalítica hoje muito interessa a educadores de todos os matizes e graus de ensino, no afã de tentar compreender algumas atitudes e comportamentos discentes, com o fim de ajudar a dirimir não só conflitos pessoais e grupais, como conseguindo identificar possíveis causas, fazer o encaminhamento aos profissionais competentes em cada caso.
Não há dúvida de que a psicanálise adentrou todos os escaninhos da sociedade moderna, sendo de qualquer maneira útil como instrumento de desalienação e completude existencial dos indivíduos.
Cremos dessa forma ter respondido a questão inicial.

O BRASÍL VAI BEM OBRIGADO!

MINHA MENSAGEM DAS SEGUNDAS-FEIRAS

Prof. Msc, FRC, Pisc. Pedro Henriques Angueth de Araujo
http://www.pedroangueth.blogspot.com


O BRASIL VAI BEM, OBRIGADO!

O Brasil vai bem obrigado! Os banqueiros estão felizes, os industriais também, idem para os proprietários de planos de saúde e a classe política de esquerda então, está nas nuvens.
O Brasil vai bem obrigado é um título que até certo ponto é correto. Há 16 (dezesseis) anos, o país vem acelerando o seu desenvolvimento.
Com o iluminado governo de Fernando Henrique Cardoso, tivemos oportunidade de ter o Plano Real, a Quebra de Patentes de Medicamentos, para suprimento das necessidades internas, a Privatização do que era privatizável, a Quebra da reserva de mercado da informática, alem da regularização da farra bancária através do acertado Proer.
Quando Lula assumiu e teve juízo suficiente para continuar a política então implantada, dada a continuidade necessária, o país se viu em condições de dar um salto econômico de proporções apreciáveis.
Hoje temos um parque industrial dos mais significativos do mundo, um gerenciamento macroeconômico satisfatório e perspectivas de crescimento contínuo, o que favoreceu ao Brasil, atravessar a crise econômica mundial sem quase nenhuma afetação, para não dizer nenhuma.
Além do mais, como já dizia Monteiro Lobato em 1930 – O Petróleo é Nosso – verificamos que somos autosustentados em termos de energia, claro, com muito ainda a fazer para torná-la utilizável.
Os caminhos futuros são claros, porém não tão suaves. Temos um dos maiores índices de corrupção do mundo, um MST retrógrado, o de mais primitivo que existe, um Sistema de Saúde apavorante, um sistema educacional que não educa e nem ensina, um sistema de segurança que não segura nada. Não temos nenhum plano nacional para nada. Nenhuma política pública clara que possa definir os rumos a seguir. Isso torna o gerenciamento que até então é satisfatório numa babel sem controle.
Além do fato dos partidos de esquerda sempre usarem o esquema do loteamento político dos cargos, esquecendo-se do mínimo de meritocracia, como forma de escolher os melhores técnicos e/ou entendidos para as diversas áreas de gerenciamento, não contamos com o estudo de prioridades fundamentais em termos de infraestrutura necessária para apoiar o desenvolvimento. Deixo para explicitar a questão da infraestrutura em outro artigo.
Podemos concluir, apesar de tudo do que foi dito que o Brasil, junto com a Índia e a China, caminham para fazer parte do bloco mais poderoso do planeta. Mas onde fica o Ser Humano Individual?
Será que seremos uma potência econômica com um povo desprovido do que mais básico existe, ou seja, saúde, educação, segurança e trabalho? Quanto mais um país se desenvolve, mais necessita destes quatro pilares de sustentação. E o que tem sido feito nessa área: QUASE NADA, o insuficiente, o deficitário. É provável que daqui a pouco tenhamos que importar técnicos e cientistas de todas as áreas para dar conta de nossa posição.
E aí, com que cara vamos aparecer no cenário do futuro? Todos os quatro pilares são fundamentais, no entanto, para serem eficientes necessitam de ações complexas, profundas e duradouras para que surtam efeito. Também necessitarão primordialmente que sejam organizados por pessoas que sabem o que estão fazendo, e também com a capacidade técnica comprovada. Ao Brasil não se permite mais tentativas. Um erro daqui para frente terá uma cobrança longa e desastrosa.
Quem de mim discordar, que ofereça o contraditório.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A FOBIA RACISTA

A FOBIA RACISTA

Prof. Pedro Henriques Angueth de Araújo


1. NORDESTINOS


De início quero deixar claro que sou inquestionavelmente contra qualquer tipo de discriminação, racial, sexual, acadêmica e cultural.
Portanto, não posso me conter quando se trata o Nordestino de forma pejorativa quanto venho tomando contato pela internet. O Nordestino por princípio é um povo pacífico, ordeiro e amavelmente acolhedor. Considero o povo mineiro o mais hospitaleiro deste país, mas o nordestino não fica atrás. Tanto é assim que é a área do Brasil que mais conheço e que mais visitei e visito em minhas férias é o Nordeste, e, diga-se de passagem, não sou nordestino, sou mineiro/brasiliense.
Tive uma casa de praia há alguns anos atrás na cidade de Prado, quando lá era uma pacata cidade de pescadores e nunca me esqueci disso. Tive mais amigos baianos do que de qualquer outro estado do Brasil.
Sempre admirei a cultura – musical e literária – dos autores do nordeste.
Será que os detratores do nordestino não se apercebem desta realidade ou sou um visionário incorrigível? Penso que esse tipo de detratores não conhecem o nordestino em seu “habitat”, na sua faina, na sua paciência, na sua tolerância e na sua tenacidade em lutar por sua sobrevivência tão difícil.
Será que detratores do nordestino não percebem quantos “déficits” têm esse povo: econômico, acadêmico, educacional e cultural? A que se deve culpar por serem assim? À sua falta de querer e poder ou as falhas ações do estado e dos governos que não implementaram políticas publicas suficientes para permitir a superação de seus “déficits”. Por serem um povo meigo, sociável e trabalhador, não quer dizer que têm que responder culturalmente em pé de igualdade com o de outras áreas geográficas.
Não culpemos o nordestino por algo que não lhe deram por direito. Culpemos aos políticos, que à guiza de obter favores eleitorais, mantem-nos em estado de necessidade para uma troca de favores oportunistas.
A visão de um povo é dada por aquilo que lhe dão. E como conseqüência ele não pode agir de forma diferente. Nordestinos, enquanto falarem mal de vocês eu estarei aqui para falar bem. E ponto final.


2. MONTEIRO LOBATO E CIA.


Não posso deixar também de denunciar o outro lado da fobia racista. Desta vez a do próprio estado que numa atitude vesga, estrábica e quase cega, tenta encontrar numa obra do princípio do séc XX, malefícios racistas para nossos estudantes.
Ora, passei minha infância e adolescência lendo e relendo obras em cujo cenário encontram-se personagens de todas as raças e etnias, umas elevando-as e outras detratando-as. Nunca fui influenciado pelo lado negativo em que eram representadas, porque tinha como exemplo a forma como a sociedade efetivamente tratava as outras raças e etnias.
Qual o motivo dessa diatribe de fobia racial neste momento do séc XXI? Será que perdemos o bonde da história. Sou daqueles que nunca considerou o povo brasileiro racista. Na realidade o que tenho observado ao longo de toda a minha existência é que o brasileiro é discriminador em termos de economia. Não nego alguns casos isolados, ditados pela ignorância.
Podemos nos lembrar que o Estado Brasileiro sempre foi racista. Vejamos: até alguns anos atrás a Marinha não admitia oficiais negros. Nas outras forças militares, apesar de aceitá-los eles nunca atingiam os postos superiores. No Ministério das Relações Exteriores acontecia o mesmo. E agora me digam quem fomentou esse racismo, foi o povo? Não, mais uma vez é o Estado o criador de uma falsa idéia.
Portanto, o que o Ministério da Educação tem a fazer é modificar através das atividades de sala de aula esses resquícios criados pelo próprio estado. Se as outras obras do tipo Monteiro Lobato, sofrerem esse tipo de reação racista, daqui há pouco não vamos conseguir adquirir obras monumentais da humanidade só porque serão banidas do editorial brasileiro.
Um outro exemplo disso é que se a escola funcionasse igual para todos, não teríamos hoje a tão discutida COTA nas universidades. Isso faz parecer que os de outras raças e etnias são uns coitados. Eles apenas não tiveram o beneplácito do Estado em igualdade de condições com os chamados “brancos”. Mais uma falha do Estado.
Sabemos hoje, que a capacidade de aprendizagem não está restrita a determinadas raças e etnias, como no principio do século, até cientistas brasileiros faziam crer que não poderia haver desenvolvimento abaixo do equador e que os brasileiros não brancos não tinham capacidade para o aprendizado da ciência e a imerção na cultura.
Finalizando, devemos culpar às políticas públicas de educação promulgadas por nossos governos, a falha e o lamentável equívoco a que estamos sendo obrigados a presenciar. Mas sabemos que tudo isso pode ser consertado. É só haver vontade política.

(Eu raciocinando, após uma trajetória de professor universitário por 32 (trinta e dois anos).

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

ENEM POBRE ENEM

Se nós tivéssemos um verdadeiro Ministro da Educação, com toda a sua hierarquia administrativa, talvez não presenciássemos ano a ano, a vergonha que são as tentativas de aplicação das provas do Enem.
Se nós tivéssemos um verdadeiro Ministro da Educação, o ENEM poderia hoje, ser o substituto do vestibular para todas as Instituições de Ensino o País.
Mas como o Enem não foi, não é e não será, é deplorável as palavras do Presidente Lula, longe da sua bela realidade, dizer o que disse. Ora, ajam por favor, ao invés de falarem, mostrem que a Educação tem algum valor.
E parece que não continuará tendo, pois como tivemos oportunidade de ver quando dos debates políticos dos então candidatos a Presidente da República, ambos, inclusive na reta final, propugnaram por uma educação técnica, voltada exclusivamente para o trabalho, como se o trabalho fosse tudo na vida.
Falam muito dos possíveis erros da educação do passado. Está certo que ela era excessivamente elitista, mas, pelo menos, ensinava o aluno a PENSAR. E é por isso que tínhamos, Elite Política, Administrativa, Econômica e etc. Mas como diziam filósofos inteligentes de antanho, Pensar é muito perigoso. Mas, perigoso para quem? É óbvio para quem Pensar é perigoso.
Todos os governos de esquerda, em todo o mundo, procuraram em primeiro lugar dominar a cultura do país, criando-lhe as barreiras necessárias que evitassem o homem de Pensar. Pensando o homem REFLETE. REFLETINDO, descobre verdades, torna-se um crítico do erro, da maldade e da corrupção. Torna-se um incômodo para o Estado, e os Partidos Políticos que dominam a cúpula.
Ninguém aposta hoje, que esse tipo de educação vá mudar. Está muito bom para a cúpula governante. Analfabetos e analfabetos funcionais, não lêem jornal, fazem outra coisa com ele.
Pelos dados do Governo, há hoje no Brasil, 14,5 milhões de analfabetos, mas não encontramos dados dos analfabetos funcionais que calculo na casa dos 60 milhões, ou seja, 74,5 milhões de cidadãos inúteis às decisões nacionais, a quem cabem apenas viver o resultado das diretrizes emanadas do poder.
Triste educação brasileira que vai continuar deixando milhões de cidadãos sem o direito de pelo menos PENSAR, desde que é muito para o nosso povo, MESMO O LETRADO, REFLETIR.

domingo, 24 de outubro de 2010

ESTOU INDIGNADO

ESTOU INDIGNADO, VEJA O PORQUE. OLHE COMO NO BRASIL OS SERES HUMANOS SÃO DIFERENTEMENTE TRATADOS POR SUA FORMAÇÃO PROFISSIONAL
ANUNCIO DO CORREIRO BRAZILENSE DE HOJE 24.10.2010 - CADERNO CIDADES, PÁG 41:

TJDF
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal E Territórios abre concurso para juiz substituto. São 92 vagas, sendo 60 para provimento imediato, 16 para 2011 e outras 16 para 2012. Os candidatos deverão comprovar bacharelato em direito há pelo menos três anos e ter exercido atividade jurídica pelos mesmo período.Salário inicial de R$21.766,15. Inscrições até dia 29. As provas começam a ser aplicadas em 13 de fevereiro de 2011, etc.etc.

Compare agora com este outro anúncio:

FUB
A Fundação Universidad de Brasília abre vagas para secretário executivo, contador, estatístico, engenheiro, médico, químico, analista de tecnologia da informação, em mineração e de laboratório nas áreas de biologia, física e industrial. O Salário varia entre R$1800 e R$2.900. Total de vagas; 146. Inscrições até amanhã. Provas em 16 de janeiro. Etc.Etc.

Gente, até quando vamos ter que conviver com o excessivo PODER JURÍDICO neste país. Não é ele que evidentemente desenvolve o país, ou melhor, geralmente é ele que atrapalha.

Não sei como, mas temos que dar um basta a essa hipocrisia. Os seres humanos têm que ser valorizados pelo trabalho que prestam à nação.

A Universidade é a porta do desenvolvimento do país e é assim que a tratam em comparação com o júridico que presta serviços só aos grandes e poderosos!

A GENTE NÃO AGUENTA MAIS....

quarta-feira, 28 de abril de 2010

BRASIL UIM PAÍS SEM MEMÓRIA E BRASILIA UMA DESMIOLADA

BRASIL, UM PAÍS SEM MEMÓRIA E BRASÍLIA UMA DESMIOLADA

Prof. Pedro H. Angueth de Araujo *

Brasília acaba de fazer 39 anos e em suas comemorações nada se viu que fosse dedicado àqueles que a construíram. Não falo da classe dominante que dela participou residindo no Rio de Janeiro ou São Paulo. Não falo de Juscelino Kubitscheck, nem dos idealizadores Lucio Costa e Oscar Neymaier. Nem dos funcionários públicos para aqui transferidos a contra-gosto e seus contracheques recheados de cruzeiros tranquilizadores, dobradinha , moradia definitiva e outras mordomias.
Não falo também daqueles que vieram bem depois de construída a Nova Capital, que aqui enriqueceram ou se fizeram de alguma forma famosos e que hoje posam na mídia de pioneiros.
Falo dos verdadeiros pioneiros. Aqueles que para aqui vieram entre 1957 e 1961, sem nenhuma vantagem especial, que não vender o seu trabalho e o seu entusiasmo para a construção da metrópole do futuro. Daqueles que por amarem esta cidade, aqui ficaram depois dela construída e ainda por cima na luta contínua em busca de sua radicação definitiva por sua própria conta.
Falo daqueles que ficaram anos sem poder prosseguir seus estudos porque aqui ainda não havia colégios e universidades. Falo daqueles que viveram no ermo do cerrado sem jornal, lazer e sem nenhum conforto. Falo daqueles que de certa forma perderam o contato com o resto do mundo por longo tempo para construir esta cidade, já que naquela época só havia o rádio, o que pouca coisa adiantava. Para se ter uma idéia, uma viagem daqui a Goiânia, levava de 12 a 16 horas. Em época de chuva mais que isso. Viajar a outros locais, só de avião. Nem quase todos podiam. E a maioria dos casados deixaram suas famílias nas cidades de origem por completa falta de estrutura aqui para trazê-los.
Esse é o verdadeiro pioneiro, até jocosamente apelidado de "piotário", porque se chegou à conclusão de que fora o único que não levou vantagem em nada. Construiu a Capital para os outros.
E quem se lembra deles hoje, quando se comemora 39 anos da existência de Brasília? Infelizmente ninguém. Essa atitude da mídia só nos faz lembrar que o Brasil de fato é um país sem memória e que Brasília por isso é também uma desmiolada.
Mas não é só a mídia que é culpada. Quantos Pioneiros são considerados Cidadãos pela Câmara Legislativa do Distrito Federal? Não que eu julgue essa Instituição Pública legítima a fazê-lo, já que seus integrantes via de regra não são aqui nascidos, mas como um reconhecimento de relevantes serviços prestados à cidade por essa classe de seus habitantes. Volto a perguntar, quantos?
Assim como os índios autóctones da "Terra Brasilis" foram substituídos historicamente pelos Portugueses ávidos de riqueza que aqui aportaram, os Pioneiros de Brasília estão sendo substituídos pelos Políticos e Empresários que só levaram vantagem quando para aqui vieram.
É uma pena.
*Professor Universitário - Mestre em Educação.

HONESTIDADE

HONESTIDADE


Prof. Pedro H. A. de Araujo

A honestidade é o produto do fluxo e refluxo da nossa atividade consciente face a um problema de ética humana e objetiva, dentro dos padrões hodiernamente observados pelo homem comum.
Que poderíamos dizer como cidadãos a respeito do mesmo vocábulo? Em primeiro lugar poderíamos não dar tanto valor à objetividade da questão; antes de tudo criaríamos em nosso subconsciente um padrão de conduta em que a honestidade seria enquadrada em princípios relevantes, onde o jogo de causas e efeitos pautaria as ações primeiras que envolvem o uso comum da razão, face à problemática que a ação para o termo exige.
Filosoficamente, a honestidade seria considerada como uma atitude própria do indivíduo conscientemente bem formado nas questões profundas da vida, objetivando um padrão interior de paz e serenidade perante a sua própria censura moral, ou seja, a faixa de separação entre o inconsciente e o consciente.
Para melhor exemplificação, devemos observar que consoante os estudos de Freud, o inconsciente segrega as suas atividades instintivas que nem sempre podem vir à tona, sendo reprimidas pela nossa censura moral ou faixa de afloramento. Assim, depois de interiorizado um determinado tipo de comportamento moral ou ético, aceito pelo próprio indivíduo e de acordo com os ditames da sociedade, ele será facilmente acionado quando for necessário e o será automaticamente.
Nos casos em que esse comportamento moral ou ético não condiz com sua acepção universal, é comum os protagonistas deixarem rastros ou pistas para que no futuro sejam descobertos.
Religiosamente, poderíamos pautar essas atitudes dentro dos códigos ou dogmas regentes do comportamento conveniente para as diversas denominações religiosas, visando frear as atitudes humanas consideradas inadequadas. Nesse caso, quando o homem não se adequa a esse sistema, dele se retira, ou aparecem os diversos tipos de culpas.
A Ética e a Moral houveram por bem, discriminar as condutas mais convenientes ao bom funcionamento das relações dos indivíduos entre si, dentro de padrões considerados aceitos. Procuram dar ao homem condições de hábito que pode elevá-lo a uma categoria melhor, na medida que vai sentindo o sabor da verdade primordial e criando para seu próprio uso, uma pequena filosofia ética.
Para os buscadores da verdade, a honestidade exterior, objetiva, é apenas o reflexo da ação interior, daquilo que está armazenado no mais profundo do ser humano. Quando ali arquivados e catalogados, formam parte da própria personalidade, sem que sofram qualquer influência do tempo e do estado das coisas.
Portanto, quando vemos hoje tantas infrações éticas e morais e procuramos saber por que elas estão acontecendo tão amiudadamente, culpamos tudo, menos o período de formação desses indivíduos, cuja máscara cai a cada vez que são investigados. Por trás de suas vidas, poder-se-á ver claramente que suas formações filosóficas e educacionais gerais não tiveram o cuidado necessário de preservá-los de comportamentos dessa natureza. Agem como se o normal fosse ser aético e amoral. Pensam estarem certos no que fazem sem atentar para as conseqüências que provocam.
Honestidade é algo que vem de dentro, mas tem que ser colocado lá.