segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A FOBIA RACISTA

A FOBIA RACISTA

Prof. Pedro Henriques Angueth de Araújo


1. NORDESTINOS


De início quero deixar claro que sou inquestionavelmente contra qualquer tipo de discriminação, racial, sexual, acadêmica e cultural.
Portanto, não posso me conter quando se trata o Nordestino de forma pejorativa quanto venho tomando contato pela internet. O Nordestino por princípio é um povo pacífico, ordeiro e amavelmente acolhedor. Considero o povo mineiro o mais hospitaleiro deste país, mas o nordestino não fica atrás. Tanto é assim que é a área do Brasil que mais conheço e que mais visitei e visito em minhas férias é o Nordeste, e, diga-se de passagem, não sou nordestino, sou mineiro/brasiliense.
Tive uma casa de praia há alguns anos atrás na cidade de Prado, quando lá era uma pacata cidade de pescadores e nunca me esqueci disso. Tive mais amigos baianos do que de qualquer outro estado do Brasil.
Sempre admirei a cultura – musical e literária – dos autores do nordeste.
Será que os detratores do nordestino não se apercebem desta realidade ou sou um visionário incorrigível? Penso que esse tipo de detratores não conhecem o nordestino em seu “habitat”, na sua faina, na sua paciência, na sua tolerância e na sua tenacidade em lutar por sua sobrevivência tão difícil.
Será que detratores do nordestino não percebem quantos “déficits” têm esse povo: econômico, acadêmico, educacional e cultural? A que se deve culpar por serem assim? À sua falta de querer e poder ou as falhas ações do estado e dos governos que não implementaram políticas publicas suficientes para permitir a superação de seus “déficits”. Por serem um povo meigo, sociável e trabalhador, não quer dizer que têm que responder culturalmente em pé de igualdade com o de outras áreas geográficas.
Não culpemos o nordestino por algo que não lhe deram por direito. Culpemos aos políticos, que à guiza de obter favores eleitorais, mantem-nos em estado de necessidade para uma troca de favores oportunistas.
A visão de um povo é dada por aquilo que lhe dão. E como conseqüência ele não pode agir de forma diferente. Nordestinos, enquanto falarem mal de vocês eu estarei aqui para falar bem. E ponto final.


2. MONTEIRO LOBATO E CIA.


Não posso deixar também de denunciar o outro lado da fobia racista. Desta vez a do próprio estado que numa atitude vesga, estrábica e quase cega, tenta encontrar numa obra do princípio do séc XX, malefícios racistas para nossos estudantes.
Ora, passei minha infância e adolescência lendo e relendo obras em cujo cenário encontram-se personagens de todas as raças e etnias, umas elevando-as e outras detratando-as. Nunca fui influenciado pelo lado negativo em que eram representadas, porque tinha como exemplo a forma como a sociedade efetivamente tratava as outras raças e etnias.
Qual o motivo dessa diatribe de fobia racial neste momento do séc XXI? Será que perdemos o bonde da história. Sou daqueles que nunca considerou o povo brasileiro racista. Na realidade o que tenho observado ao longo de toda a minha existência é que o brasileiro é discriminador em termos de economia. Não nego alguns casos isolados, ditados pela ignorância.
Podemos nos lembrar que o Estado Brasileiro sempre foi racista. Vejamos: até alguns anos atrás a Marinha não admitia oficiais negros. Nas outras forças militares, apesar de aceitá-los eles nunca atingiam os postos superiores. No Ministério das Relações Exteriores acontecia o mesmo. E agora me digam quem fomentou esse racismo, foi o povo? Não, mais uma vez é o Estado o criador de uma falsa idéia.
Portanto, o que o Ministério da Educação tem a fazer é modificar através das atividades de sala de aula esses resquícios criados pelo próprio estado. Se as outras obras do tipo Monteiro Lobato, sofrerem esse tipo de reação racista, daqui há pouco não vamos conseguir adquirir obras monumentais da humanidade só porque serão banidas do editorial brasileiro.
Um outro exemplo disso é que se a escola funcionasse igual para todos, não teríamos hoje a tão discutida COTA nas universidades. Isso faz parecer que os de outras raças e etnias são uns coitados. Eles apenas não tiveram o beneplácito do Estado em igualdade de condições com os chamados “brancos”. Mais uma falha do Estado.
Sabemos hoje, que a capacidade de aprendizagem não está restrita a determinadas raças e etnias, como no principio do século, até cientistas brasileiros faziam crer que não poderia haver desenvolvimento abaixo do equador e que os brasileiros não brancos não tinham capacidade para o aprendizado da ciência e a imerção na cultura.
Finalizando, devemos culpar às políticas públicas de educação promulgadas por nossos governos, a falha e o lamentável equívoco a que estamos sendo obrigados a presenciar. Mas sabemos que tudo isso pode ser consertado. É só haver vontade política.

(Eu raciocinando, após uma trajetória de professor universitário por 32 (trinta e dois anos).

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