segunda-feira, 6 de junho de 2011

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COMENTÁRIO VI


Deixa tudo o mais de lado e apega-te apenas a poucas verdades. E lembra-te de que vivemos apenas o momento presente, este instante infinitesimal, pois todo o restante ou já passou ou ainda é incerto. Esta vida mortal é algo muito pequeno, vivida num pequeno canto do mundo, e pequena é também a maior fama que se possa ter, que depende da memória de homens que perecem rapidamente e não têm noção de suas próprias vidas, quanto mais daqueles que morreram há muito tempo.
Marco Aurélio

Ao longo da história, o homem tem inventado uma multiplicidade de pseudo verdades que só servem para distrair a mente do que é mais importante para nossas vidas. Como ele é incapaz de descobrir uma Verdade Universal, tenta através desse expediente, criar um mecanismo de sobrevivência mental com o qual passar o seu tempo de vida aqui na terra.
Mas há verdades que podem ser admitidas por qualquer ser humano sem prejuízo para sí ou para outrem. Portanto, o ideal é que selecionemos poucas, mas verdades que calam em nosso consciente e inconsciente e que possamos viver felizes com elas.
Há socialmente falando um certo masoquismo em se discutir em certas reuniões de amigos ou conhecidos acerca de verdades que cada um acha válido manter. As nossas verdadeiras verdades nascem de dentro de nós mesmos, formadas pela família, escola, religião e todas as mídias.
Qualquer discussão sobre verdades particulares geralmente leva a possíveis desentendimentos, porque via de regra o homem em seu exacerbado narcisismo, sempre vai tentar convencer o outro de sua própria verdade o que pode tratar-se de uma verdadeira invasão de intimidade.
É necessário recordar que nossa existência terrena é pontuada por infinitos agoras que o homem comum não se dá conta. Temos mania de ficar recordando das coisas passadas como se elas pudessem ter novamente importância para nossa vida hoje. Não podem. As lições de nossa vida passada no tempo nesta Terra, só nos deveria servir para considerá-las como uma útil meditação sobre a nossa experiência adquirida e não nos servirmos delas na tentativa ou de reproduzi-las ou lamentá-las.
O tempo que vivemos nesse Planeta é muito pequeno para que fiquemos nos preocupando com eventos que não levam a nada. Por mais que vivamos, esse tempo passa rapidamente e às vezes nos surpreendemos descobrindo que nada fizemos de verdadeiramente útil para nós, nem para os outros.
Assim também, o homem está preocupado com que o futuro lhe reserva. Ora, o futuro será um produto do agora. Portanto o homem deveria se preocupar com o que está fazendo agora, pois isso lhe dará o futuro. Preocupar-se com o futuro é um sofrimento desnecessário. Ele virá de qualquer forma, trazendo em seu bojo o que as ações presente ensejarem.
Como o homem não conhece o seu destino, fica sempre temeroso com o que lhe pode acontecer. Mas, o que tiver de ser será. Essa é uma máxima irrefutável.
Geralmente o homem está sempre preocupado em amealhar dinheiro, posses e validar o seu narcisismo através do uso muito comum da vaidade e da fama. Vaidade das vaidades, tudo é vaidade, já disse o Livro de Eclesiastes, lá no Velho Testamento Bíblico. O homem estuda por vaidade, trabalha por vaidade, tenta se colocar nos melhores lugares da sociedade por vaidade, por vaidade ele rouba, transgride as leis sociais e morais, bem como tenta se colocar como um íncone do futuro para que todos se lembrem que ele existiu.
Faz tudo isso pensando que a memória social é eterna, que seu valor é eterno e não um pequeno evento no tempo, que o próprio tempo se encarregará de apagá-lo. Por mais que o homem alcance notoriedade, sempre haverá algo de importante em seus afazeres que não são nomeados, principalmente o lado negativo de sua vida.
O texto presente nos leva a analisar o que estamos fazendo com nossa vida hoje. O maior pecado que se comete é contra si próprio. Na medida em que nos perdemos no emaranhado de nossas atividades diárias pensando apenas no futuro, estamos perdendo a oportunidade de analisar o que se pode fazer hoje.
Simplificar a existência é um dos ditames que nos levam a considerar de que nem tudo que temos é de grande importância, nem tudo que ambicionamos nos é necessário.

(Eu pensando em como o homem perde tempo com inutilidades)

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