segunda-feira, 11 de julho de 2011

MENSAGEM DAS 2ªAS FEIRAS

COMENTÁRIO X

Quem não sabe o que é o mundo, não sabe onde se acha. Quem não sabe para que foi feito, não sabe também o que é, nem o que é este mundo. O homem que não levou em consideração uma só destas questões não saberia dizer qual é a sua função natural. Como te aparecem então aqueles que são aplaudidos ou vaiados por pessoas que não sabem nem onde estão nem o que são?
Marco Aurélio

Esse é a meu ver, um dos mais primorosos comentários de Marco Aurélio. Nós, normalmente, nascemos, somos familiarmente educados, freqüentamos vários anos de bancos escolares, freqüentamos religiões diversas, adquirimos uma profissão, vamos para o mercado de trabalho e por fim, quando nos perguntam o que é o mundo, não sabemos responder. Por quê? Falta de estudos? Falta de reflexão? Vamos deixar para responder mais ao final deste artigo.
A sentença seguinte, inclui não saber para que foi feito. Ora não sabemos para que fomos feitos, porque não nos preocupamos nem um cêntimo com a possibilidade de termos uma missão a cumprir em nossa vida. Ora, se não sabemos o que estamos fazendo aqui, normalmente não sabemos o que somos e nem o que este mundo está fazendo em nossa frente.
Daí que as funções para as quais o homem foi feito, também cai no limbo. Nascemos homens e mulheres (bem como os que têm sexo alternativo). Mas por quê? Qual a finalidade das diferenças? Difícil responder se as primeiras questões não têm uma resposta aceitável.
Por que tanta ignorância, se tanto nas culturas antigas do Oriente e do Ocidente há tantas escolas de esclarecimento? Qual o motivo de se enveredar para a crença na indústria cultural que domina o mundo ocidental, que transformou homem apenas num “homo fazer”, destinado somente à indústria e ao comércio, sem lhe dar a chance do conhecimento de si e da auto-reflexão?
Marco Aurélio aqui neste texto se exprime com questões tão fundantes, por pertencer a uma das mais conceituadas escolas de filosofia de seu tempo: O Estoicismo.
Não vou no presente explicitar o conteúdo filosófico do estoicismo, cada um que faça sua própria pesquisa.
Será que no momento presente não existe algo semelhante a que devamos dar atenção, para que aprendamos a dar ouvidos a questões tão importantes? Claro que há, só que o homem de hoje normalmente está preocupado apenas em se dar bem na vida, através das realizações materiais que podem proporcionar riqueza e bem estar (no conceito ocidental).
Nem de leve se lembra de que um dia – qualquer dia – pode não estar neste mundo sem nada saber do outro. Caminhamos como zumbis, não sabemos de onde vimos, o que estamos fazendo aqui e nem para onde vamos. Triste tragetória da ignorância ambulante.
Confiamos somente e com certa indiferença o que nos dizem os dogmas religiosos. Será que dá para confiar? Assim também os cânones da filosofia ocidental moderna e pós moderna. Como saber onde está a verdade?
Será que essa verdade não está sendo propositadamente escamoteada para que sejamos servos do materialismo econômico? Somente das realizações do mundo material? Reflitamos, pois.
Será que quando chegamos ao cume de nossas realizações mereçamos diante de nossa ignorância da vida, acreditar também nos aplausos de pessoas que não sabem nem onde estão nem o que são?
Urge que o homem se esclareça para que não vá atravessar os portais da morte, sem ao menos levar algum conhecimento que preste. Afinal, passamos a vida de mãos vazias. Será que não temos obrigação de levar algo de bom para onde vamos?
Quem me garante que essa não seria uma das missões que aqui viemos aprender? Se ao vir para este mundo carregando algo de que não sabemos a procedência e a relevância, não saberemos também o que fazer para levar algo positivamente diferente.
Mais uma vez, digo: urge que o homem se esclareça, se não com vistas a levar algo de bom para um outro mundo que não conhecemos, pelo menos para colaborar para melhorar o panorama que conhecemos.
O mundo anda meio podre, já dizem várias vozes. Não só referente à pobreza material de grande parte da população, mas principalmente da pobreza intelectual, moral e ética em que vivemos, sem nem estarmos aí para o que acontece.
No entanto, se cada um de nós nos esclarecermos suficientemente, podemos criar uma massa tão grande, que um dia germinará no seio da sociedade e aí poderemos dizer: Eu tenho condições de dialogar com esse texto de Marco Aurélio e transformar a sociedade para melhor.

(Eu pensando que o homem atual não sabe nem onde procurar a verdade)

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