segunda-feira, 11 de março de 2013

HABEREMOS PAPA Prof. Msc, FRC, Pisc. Pedro Henriques Angueth de Araujo http://www.pedroangueth.blogspot.com Sim, daqui a pouco teremos um novo Papa. E daí? A dinastia papal existe no mundo desde o século IV, quando Constantino resolvera através de suas visões, oferecer aos cristãos a oportunidade de montar um grande empreendimento, oferecendo parte de sua riqueza para construção da maior instituição internacional de que temos conhecimento, iniciando assim, o processo de globalização, já naquela época. Foi também a época em que surgiu a Igreja Católica, cujo papado esteve primeiro localizado na cidade de Lion na França e depois transferido para Roma, daí o título Igreja Católica Romana. Desde aquela época a situação já não era tão católica assim. Bispos e Papas eram nomeados entre as elites sociais existentes, sem nenhuma preparação acadêmica, ou seja, politicamente. Ao longo dos anos e dos séculos criaram um Códice Teológico, conseguindo subordinar todo o conhecimento existente ao princípio teológico da verdade revelada (somente a eles). Foi um período de muita intriga e disputa de poder. A população era totalmente dependente do poder da Igreja e mesmo os Reis, só tomavam posse do trono após serem coroados pelo Papa em Roma. Várias são as figuras que mereciam ser analisadas neste período popularmente denominado de era das Trevas (Idade Média) pela ignorância mantida e estimulada entre as elites, com o fim de manter o “status quo” do poder e da reverência. No entanto, sabemos hoje, que subterraneamente, grandes correntes de conhecimento iluminado atravessaram esse mesmo período, sem que a igreja delas ao menos suspeitasse desse conhecimento e que foram capazes de transmitir saberes de uma antiguidade de sabedoria que começou a desaguar no período renascentista. Porém não é nosso intuito tratar disso agora. Desse período, vou citar apenas dois personagens algo interessantes. O primeiro deles foi Santo Agostinho que semeou duas pérolas: a primeira que ele creria em Deus porque era absurdo não crer e a segunda criando a teoria da graça, pela qual os homens são escolhidos para o seio de Deus pela vontade dele, sem que nenhum mérito poderia qualificar o pretendente, senão a própria e irrestrita vontade dele (Deus). Não importava ser honesto, moralmente irrepreensível ou éticamente perfeito, se Deus não o escolhesse o inferno o esperava. Interessante foi que o Protestantismo pós Lutero, através de Calvino aproveitou essa deixa para fincar esse produto teológico medieval que vigora até hoje. O segundo foi Tomás de Aquino (Doutor da Igreja) que em uma de suas famosas súmulas, se não me engano a Sumula aos Gentios disse: os Dogmas da Igreja foram criados para que os ignorantes e analfabetos pudessem crer sem compreender. No entanto, nos séculos seguintes foram permanecendo para toda a classe de fiéis, até hoje. Entretanto, outras barbaridades vieram assinalando os tempos, até a era moderna. Fica-se arrepiado e enojado quando se pode ler a obra relativamente recente da teóloga alemã Uta Ranke-Heinemann, intitulada Eunuco pelo Reino de Deus – mulheres, sexualidade e a igreja católica, (editora Rosa dos Tempos, Rio de Janeiro, 1996), um pouco sumido das livrarias, por motivos óbvios. Por causa dessa obra, a que é considerada a maior teóloga do mundo, perdeu sua cátedra na Universidade de Heidelberg. Por isso o que transpirou para o público nos últimos anos como escândalos no seio da Igreja Católica, assustam porque tais fatos como pedofilia, sodomia, rombos milionários no Banco do Vaticano, ligações com a máfia, ameaça à vida do Papa, vinda do próprio interior da Igreja, como várias vezes veiculadas pela imprensa com a renúncia de Bento XVI, causam espécie. Até o tão escondido assassinato do Papa João Paulo I (que tentou acabar com o Banco do Vaticano) vivendo apenas um mês de seu pontificado. Para tanto consultar a obra: Em Nome de Deus de David Yallop, Editora Record, Rio de Janeiro, 3ª Edição, 1984. O que estamos vendo agora, não é senão um desaguar de coisas fétidas, que só apareceram por causa dos casos de pedofilia, largamente veiculados pela imprensa do mundo todo. O que me preocupa é que, se no âmbito da Igreja Católica consegue medrar tais disparates, o que é que estará acontecendo em outras Organizações e Instituições, quer governamentais ou privadas, espalhadas por todo o globo terrestre. Certamente só ficamos sabendo da ponta do iceberg, pois todo o resto fica submergido num silêncio sepulcral. E aí vem a clássica pergunta: o que fazer com o substrato religioso veiculado por tal mal afamada Igreja Católica? No meu entender não haveria necessidade de seus adeptos apostasiarem sua religião por causa de uma igreja corrupta. Mas haverá de se criar condições para a permanência dos fiéis em seu culto. De agora em diante, aprender a separar Igreja de Religião, seria um remédio saudável para aqueles que professam o cristianismo católico, e já sabendo também que as outras denominações religiosas não são tão santas assim.... Um ótimo exemplo vai abaixo sobre a fortuna material da igreja: 1 milhão de imóveis são de propriedade do Vaticano; 2 trilhões de euros é o valor dos imóveis localizados apenas na Itália: 3. Só em Roma, a Igreja tem um patrimônio avaliado em 9 bilhões de euros; 4. 20% do patrimônio de imóveis italianos pertence ao Vaticano; 5. 2 trilhões de euros é quanto valem os bens imóveis da Santa Sé ao redor do planeta; 6. Existem 125.000 hospitais e centros de assistência ligados à igreja em todo o mundo; 7. O total de escolas católicas nos cinco continentes é de 206.982, com 55. milhões de estudantes; 8. Países como a Alemanha, Áustria e alguns cantões suíços recolhem, por meio do estado, impostos específicos de cidadãos católicos, repassados às igrejas locais; 9. O maior financiador privado do Vaticano é a organização americana Cavaleiros de Colombo, fundada em 1882, que mantém uma seguradora cujos ativos estão na casa dos l6 bilhões de dólares; 10. Desde que foi criado, em 1981, o Fundo Vicarius Christi, da Cavaleiros de Colombo, amealhou 35 milhões de dólares apenas para as obras caritativas do Papa. _________________________ Fonte: Revista Veja – edição 2312 – ano 46 – nº 11 – 13 de março de 2013. Concluindo, é dinheiro demais e grande poder para administrá-lo, o que pode dar ensejo a qualquer tipo de loucura.

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