domingo, 26 de março de 2017
HINO A ATON
Prof. Msc, FRC, Pisc. Pedro Henriques Angueth de Araujo
http://www.pedroangueth.blogspot.com
Esse é possivelmente, o hino mais traduzido do Egito faraônico. Trata-se de uma das melhores manifestações religiosas do culto solar de Aton, adorado como o Sol, caracterizando-se pelo seu monoteísmo rígido, ao contrário das demais teologias solares anteriores.
Muito parecido até com a forma com que os Salmos bíblicos foram publicados, inaugura um tempo que trouxe grandes consequências místicas e religiosas para o Egito, pois o Faraó Amenotep IV, fora posteriormente perseguido e morto pelos seguidores da crença comum de sacerdotes e povo do Egito, pois, tal ato teria inaugurado uma outra forma de culto, agora monoteísta, pois consta que esse faraó, foi o primeiro na história conhecida da humanidade, a declarar publicamente, a existência de um Deus Único.
Glória de Ra Har-akhit,
Júbilo no Horizonte em
seu nome de Shu que está no Disco
de Aton, que viva para todo o sempre;
o grande vivente Aton em festa, Senhor de
tudo que Aton evolve, Senhor do céu,
Senhor do mundo, Senhor da Casa de Aton
em Akhut-Aton; (e glória do) Rei do
Alto e do Baixo Egito, que vive na verdade,
Senhor das Duas terras!
Nefer-Kheperu-Ra Ua-em-Ra,
Filho de Ra, que vive na verdade,
Senhor dos Diademas;
Akh-em-Aton, que viva para
Todo o sempre;
(e glória da) Esposa do Rei, sua amada,
Senhora das Duas Terras!
Nefer-Neferu-Aton, Nefert-iti,
que viva para todo o sempre
(pelo) Ajudante da Mão Direita
do Rei... Ay.
Ele disse teu clarão é belo no horizonte do céu,
tu, vivo Aton, começo da vida!
Quando te elevas (no horizonte) oriental,
Enches toda a terra com tua beleza.
És belo, és grande,
brilhas (no) alto, acima de todo país;
teus raios beijam as terras
e tudo o que criaste.
Es Ra e penetras até o fim das terras;
Junta-as para teu amado filho (o faraó).
Estás longe, (mas) teus raios estão sobre a terra;
estás nas alturas, (mas) teus passos são invisíveis.
Quando te deitas no horizonte ocidental,
o mundo fica na escuridão como se fosse a morte.
Os homens dormem em suas alcovas,
suas cabeças estão ocultas,
seus narizes estão obstruídos
e nenhum olho vê o outro,
enquanto são roubadas todas as suas coisas,
sob suas cabeças,
sem que o notem.
Todos os leões saem de seu antro,
todas as serpentes mordem
e as trevas tudo cobrem,
o mundo está em silêncio;
seu criador descansa no seu horizonte.
A terra ilumina-se
ao te elevares no horizonte.
Quando brilhas como Aton
foge a escuridão.
Quando teus raios envias,
Rejubilam-se as Duas Terras.
Os homens acordam e levantam-se sobre seus pés
porque tu os ergueste.
Banham seus corpos e tomam (suas) roupas;
Seus braços elevam-se em adoração quando resplandesces.
Todos os homens ocupam-se em seus trabalhos.
O gado alegra-se com a sua passagem;
(as) árvores e (as) relvas verdejam.
Os pássaros deixam seus ninhos para voejar
entre árvores e hastes verdes,
suas asas batem(em louvor) ao teu KA.
Todos os cordeiros pululam;
os pássaros, tudo que bate asas,
vivem porque surgiste para eles.
Os barcos descem e sobem o rio,
Todos os caminhos estão abertos porque tu brilhas.
Os peixes saltam diante da tua face,
(pois) teus raios penetram profundamente no Grande Mar Verde.
Fizeste nascer o fruto nas (entranhas das) mulheres,
Criaste a semente nos homens;
susténs com vida o filho no ventre de sua mãe,
tu o adormeces para que não chore,
tu, ama no ventre (materno)!
A respiração existe, para tudo vivificar, no que animas.
Quando ele surge do ventre (de sua mãe)
no dia de seu nascimento,
tu abres sua boca (para gritar)
e supres suas faltas.
Quando o pintinho pia no ovo,
ali mesmo tu lhes dás o ar, a fim de conservá-lo vivo;
quando o tornas forte para que rompa o invólucro,
ele sai do ovo e pia alegremente,
e corre sobre suas patinhas
assim que sai.
Como são variadas as tuas obras!
Estão ocultas para nós,
oh tu, deus único, cuja força nenhum outro possui!
Criaste o mundo segundo teu desejo
enquanto estavas só:
os homens, todos os animais, grandes e pequenos,
tudo que, sobre a terra,
caminha sobre pés,
tudo o que, no céu,
voa com asas.
As terras altas da Síria e da Núbia,
e a terra do Egito,
puseste cada uma no seu lugar
e criaste o que elas necessitam:
cada um tem seu alimento
e calculado os seus dias.
Suas línguas fala diversamente,
como é diferente a cor de sua pele.
Sim tu diferencias os povos!
Criaste o Nilo no Mundo Inferior
e o fizeste surgir à tua vontade
para conservar vivo o povo (do Egito),
pois o fizeste para ti,
senhor de todos, que por eles te fatigas,
senhor de todas as terras, que para elas surges,
Disco do Dia, grande em glória.
Criaste (também) a vida
De todas as longínquas terras altas.
Puseste um Nilo no céu
a fim de que perto delas corresse
e com suas vagas as montanhas batesse,
com o Grande Mar Verde,
regando seus campos conforme suas faltas.
Quão benévolos são os teus desígnios, oh Senhor da eternidade!
O Nilo do céu, tu o dás ao país das montanhas
e aos animais que sobre pés andam em toda as terras altas;
mas o Nilo eu vem do Mundo Inferior, tu o dás ao Egito.
Teus raios nutrem todos os campos;
vivem quando brilhas, para ti verdejam.
Criaste as estações
para renascer tudo o que fizeste.
O inverno para lhes levar o frescor,
e o verão quente para que de ti fruíssem.
Criaste o céu distante para aí subires
e contemplares o que engendraste, tu, só tu,
resplandecente em tua forma de Aton vivente,
elevando-te radioso e brilhante, retirando-te e voltando.
Criaste milhões de formas
apenas de ti, que és Um;
cidades, aldeias, colônias,
as estradas e o rio:
todos os olhos vêem-se diante de si,
quando és o Disco o Dia sobre a terra.
Estás em meu coração
e nenhum outro te conhece
senão teu filho Nefer-Kheperu-Ra Ua-em-Ra,
(porque) tu o iniciaste em teus desígnios
e em tua força.
O mundo está na tua mão,
bem como tudo o que criaste.
Se te levantas, ele vivem,
se te deitas, eles morrem.
Tu és vida por ti mesmo,
os homens vivem (apenas) através de ti.
Todos os olhos contemplam a beleza
até que te deitas.,
Todo o trabalho cessa
quando no horizonte te estendes.
(Mas) ao (de novo te) ergueres,
fazes (tudo) florescer para o rei,
desde que fundaste a terra
e a construíste para teu filho,
que é vindo do teu corpo:
o Rei do Alto e do Baixo Egito,
que vive na verdade, Senhor da Duas Terras;
Nefer-Kheperu-Ra Ua-em-Ra,
Filho de Ra, que vive na verdade, Senhor dos Diademas:
Akh-em-Aton, que viva para todo o sempre;
(glória da ) Esposa do rei, sua amada,
Senhora das Duas Terras;
Nefer-neferu-Aton Nefert-iti,
que viva saudável e jovem para todo o sempre.
Brasília, 26.3.2017
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