quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

AS MUDANÇAS LIGADAS AO TRABALHO ANALÍTICO

AS MUDANÇAS LIGADAS AO TRABALHO ANALÍTICO


Trecho reproduzido do Livro: A Prática Analítica de Thierry Bokanowski
Imago Editora, 2002

O trabalho analítico dá oportunidade ao indivíduo de alcançar um certo número de mudanças que lhe permitem atingir novas modalidades de funcionamento psíquico. Permitindo que ele tenha acesso à sua própria posição subjetiva, tais mudanças dirão essencialmente respeito à modificação de suas relações consigo próprio. Esse movimento de subjetivação, que o ajudará a tomar consciência e a ultrapassar determinados automatismos de repetição em ação desde a sua infância, modificará sensivelmente o destino de seus afetos e de suas representações, ligados aos desejos que dizem respeito simultaneamente aos seus objetos primários e aos de sua história infantil. Isso lhe permitirá flexibilizar suas relações com seu superego, seu ideal de ego, bem como com seu ego ideal, em termos das exigências destes.

Isso o levará a aceitar a diferença entre os sexos e gerações, isto é, a reconhecer os limites do sexo que possui, e a existência do sexo que ele não possui. Também será conduzido a aceitar a irreversibilidade do tempo que passa, a realidade da morte, a ferida narcísica ligada à existência do inconsciente, assim como a humilhação que o aspecto indomável do id provoca... Isso significa aceitar a castração em todas as suas formas, inclusive as que se expressam ou se traduzem pela separação, e, assim, adquirir maior liberdade em sua vida pulsional, e mesmo erótica, maior capacidade de amar, e maiores aberturas para a sublimação. Será preciso para tanto suportar seus movimentos depressivos que o ajudarão a fazer lutos passados e futuros.

Assim, o que é esperado do trabalho analítico é que um dia ele chegue ao ponto em que a função analisante do analista possa ser introjetada pelo indivíduo em análise, e que o término da análise seja marcado por uma capacidade de poder ter certa distância com relação a sim próprio, em outras palavras, poder perceber suficientemente seus movimentos inconscientes. Como escreveu René Diatkine, “tomar distância, adquirir insight, liberar suficiente humor em relação a si próprio e ternura com respeito ao próximo para permitir uma existência mais agradável para si e para os outros”


Diatkine, R. (1988), Destins du transfer, Revue française de Psychnalyse, 52, 4/1988, pp.803-813

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