domingo, 29 de outubro de 2017

A VERDADEIRA VISÃO DAS COISAS (3) Prof. Msc, FRC, CRC, Pisc. Pedro Henriques Angueth de Araujo http://www.pedroangueth.blogspot.com Continuando o que começamos a dois artigos atrás, hoje vamos falar sobre o: Campo Educacional. A educação de um povo evolui com o tempo e suas necessidades, mas sem deixar alguns aspectos de sua continuidade, como referenciais de produção do Ser por inteiro, atribuindo-lhe um passado de onde foram produzidas as idéias e as utilidades sociais para as quais ele deve ser um patrimônio. Está claro que minha idéia de que, quando penso em reforma de um sistema educacional, aquelas formações de base não devem ser descartadas, pelo simples motivo de que uma ruptura nesse nível, pode abalar a continuidade da formação do Ser, enquanto indivíduo e possuidor do patrimônio cultural de sua sociedade. E por termos visto isso acontecer com a educação brasileira é que hoje pouco entendemos o que deve ser, por exemplo, um currículo escolar destinado a fazer frente ao mundo moderno dessa envolvente tecnologia, que vemos em todo o lugar. Vamos, portanto, mergulhar no tempo passado e fazer algumas digressões. E para fazer isso, vou logo pedindo desculpas aos meus leitores para fazer um pouco de auto-biografia como parâmetro de comparação. Pois bem, entrei na escola primária de minha cidade de interior das Minas Gerais com 7,1/2 (sete anos e meio), porque naquela época a escola só admitia ao primeiro ano primário, a criança que contasse 7 (sete) anos completos e, como faço aniversário do meio do ano, só pude entrar seis meses depois. No fim do primeiro ano de escolaridade eu estava completamente alfabetizado. No fim do seguindo ano, sabia todas as operações fundamentais da aritmética e tinha a taboada sabida e decorada. Ainda até hoje sei a taboada de cor. Ao longo dos anos, tivemos aula de Geografia Geral e do Brasil, História Geral e do Brasil, Ciências, Linguagem e depois Português. A disciplina era rígida. O uniforme era obrigatório com sapatos muito bem engraxados (e ora que a escola era pública e única porta de entrada para ricos e pobres, pois era a única), e eu pertencia a uma família pobre naquela época. Cada aluno portava o seu próprio lanche. A escola não o fornecia, como hoje. A chegada se dava pelo pátio, onde havia formação (militar em filas) quando era hasteado Pavilhão Nacional e cantado o Hino Nacional. Depois cada fila deixava o pátio, cada aluno com destino à sua sala de aula. Lá ficavam sentados até a chegada da professora em silêncio, e quando ela entrava, todos os alunos se punham de pé. Era a lição de respeito à autoridade. A família era parceira íntima da escola. Quando o aluno era punido na escola (diversos tipos de punição) ele também era fatalmente na família (pelo menos na minha era). A família acompanhava tudo o que acontecia na escola. Vigiados por todos os lados, o aluno não tinha senão que estudar. E estudava. Quando chegavam ao 4º ano, todos enfrentavam o terror do primeiro vestibular de sua vida. O Exame de Admissão, que era destinado a separar aqueles melhores alunos que continuariam a se beneficiar da escola pública gratuita e aqueles que teriam que dela se separar indo para uma escola particular, quando o pai podia pagar, ou então parar aí os seus estudos. Fiz o meu exame em 1951, logrando aprovação com notas altas, e média final 81. Agora estava preparado para enfrentar um currículo pesado. Vejamos a sequência das disciplinas no ciclo chamado de Ensino Médio. 5º ano: -Português, Latim, Francês, Matemática, História Geral, Geografia Geral, Trabalhos Manuais, Desenho e Canto. 6º ano: -Português, Latim, Francês, Inglês, Matemática, História Geral, Geografia Geral, Trabalhos Manuais, Desenho e Canto. 7º ano: -Português, Latim, Francês, Inglês, Matemática, Ciências, História Geral, Geografia Geral, Trabalhos Manuais, Desenho e Canto. 8º ano: -Português, Latim, Francês, Inglês, Matemática, Ciências, História Geral, História do Brasil, Geografia Geral, Desenho e Canto. Farei agora, alguns comentários em adendo a esse ciclo de estudos. 1) Nesse ciclo era costume termos em cada ano, um grupo de poesia, que de tempos em tempos se apresentava em numa pequena academia interna, deleitando-nos com o que havia de mais divino em poesia da época. 2) Havia também sessões de Canto Orfeônico, com representações grupais, verdadeiramente interessantes. 3) Havia vida na escola, e quem dela não participasse convenientemente, com certeza era convidado a repetir o ano. Naquela época isso não era raro, mas só por uma vez, porque na segunda a porta da escola o chamava para fora de sua convivência. Perdia-se aí o benefício da gratuidade. 4) Examinando o Currículo apresentado, chama-se a atenção também para trabalhos manuais, onde aprendíamos a construir e tecer objetos e junto com desenho adquirir várias habilidades úteis na vida prática. 5) As disciplinas de Latim, Francês e Inglês, nos proporcionaram ao final do 8º ano, a capacidade de ler, traduzir e interpretar textos nessas línguas, com facilidade. (Mais tarde, farei outros comentários sobre isso). Obs.: Enfrentei tudo isso, bem como outros colegas, trabalhando pela manhã, à partir de 11 (onze) anos de idade, portanto, já no segundo ciclo de estudos. Que a mente divina os colha em Paz Profunda 29.10.2017 Continua....

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