segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

MENSAGEM DAS 2ªAS FEIRAS

A CONSCIÊNCIA IMPLANTADA


Os filósofos antigos muito deixaram de influência para a modernidade com seus conceitos e explicitações. Aristóteles por exemplo, teria dito que “nada vai à mente sem antes passar pelos sentidos”.
Essa simples informação bastou para que os materialistas de plantão dos séculos vindouros cunhassem a idéia de que o homem nascia como se fosse uma tabula rasa, que a experiências dos dias de vida iam preenchendo ao sabor dos acontecimentos. Nascia ai também a idéia de que o homem é um produto 100% dependente da natureza e do meio ambiente.
Hoje felizmente já sabemos (a ciência também esclareceu-se) que o homem troca influências com o meio ambiente e não depende totalmente dela, uma vez que ele podem também modificá-lo, vide as idéias de Francis Bacon já nos idos do século XVI. Ao aprender a explorar a natureza, o ser humano também percebeu ser ele um agente de mudança (pena que não só para melhor).
Por estas fatídicas idéias, o homem considerou-se o dono da natureza e único conhecedor de suas possibilidades. Assim, vindo ao mundo sem nada trazer, além da hereditariedade transmitida geneticamente, o homem foi educado para receber todas as influências da cultura transmitidas via família, escola, religião, mídias de todos os matizes e regras sociais.
Ao se tornar adulto, temos um belíssimo robô, com toda uma consciência implantada, que o guiará pelo resto de seus dias. Regras e crenças da família, educação na forma e conteúdo que o Estado determina, crenças herdadas pela religião familiar, comportamento influenciado pelas mídias e pelas regras ditadas pela sociedade.
Por essa via temos uma moralidade geográfica singular para cada cultura, uma ética trôpega advinda dos preceitos religiosos, o comportamento de moda, ditado pelas mídias e a aceitação acrítica de todas as regras sociais.
Será essa a verdadeira forma de ter uma consciência? Ou podemos dizer que o homem não tem uma consciência própria e sim uma consciência implantada?
Ao longo dos últimos séculos as famílias só sofreram mudanças provocadas pelas experiências da vida, por revoluções sociais e morais, bem como pelas exigências de sistemas educacionais mais aperfeiçoados na implantação de conceitos e regras. A religião cristalizou-se como era de se esperar, causando conflitos éticos e morais de toda a ordem na cabeça principalmente dos jovens.
Como advento das drogas, onde foi parar a consciência, mesmo a implantada? Provavelmente no lixo da história, pois sob a influência delas nenhum tipo de consciência pode ser manifestada.
Com a liberação sexual das mulheres a própria mulher se perdeu, bem como não poderia deixar de ser, também o homem ficou sem rumo. Essa mudança de paradigma resultou em desconfiança, uniões sem estabilidade e frouxas relações afetivas.
Quando eu era menino/adolescente, existia uma regra da Igreja Católica, muito boa por sinal para a época, que recomendava que à noite, antes de dormir, cada um de nós deveria fazer um exame de consciência, sobre o dia que passou, para verificarmos como foi o nosso comportamento, conosco mesmos e com os outros. Isto, verdade seja dita, nos dava um “insight” de moral, de ética e bom comportamento, mesmo que ainda não soubéssemos avaliá-lo à época.
Mais tarde vim a aprender coisa semelhante junto ao movimento escoteiro, onde junto com minha esposa e filha mais velha, durante 8 (anos) militamos como chefes de seções do movimento, que era o de fazer o mesmo exame ao fim do dia.
Hoje, vejo com tristeza que as ações dos seres humanos são excessivamente automatizadas, pois como dizem os americanos (moda que copiamos), tempo é dinheiro e o prazer tem que se gozado hoje.
Vemos, portanto, que a humanidade tornou-se escrava de conceitos, regras e crenças que agem em seus cérebros como fora um imperativo categórico. Dificilmente encontramos alguém com capacidade para pensar e agir de forma própria. Havendo um modelo para tudo. Claro que isso facilita a vida, gera preguiça para pensar e raciocinar, e muita facilidade para seguir regras sancionadas, familiar, religiosa e socialmente.
Não foi por acaso que as idéias de Freud não foram adotadas pelos americanos. Houve, inclusive, influência dos sistemas de segurança que estudando o conteúdo das idéias psicanalíticas, temeram que a população viesse a adquirir um grau de liberdade tal, que viesse abalar o seu famoso “Way of Life”, ou seja, o seu modo de viver a vida. Não é a toa que somente os psiquiatras detêm o verdadeiro poder médico americano.
A verdadeira liberdade se conquista somente quando libertamos nossa consciência de todo esse jugo, agindo e reagindo segundo outras regras, mais refinadas, mais claras e que melhor defende o ser humano.
Ainda bem que os movimentos de vanguarda do último quartel do século XX, mesmo nos Estados Unidos, souberam começar a quebrar os elos da corrente escravagista da mente, dando-lhe o poder de pelo menos perceber que a era dos carneiros guiados por um pastor cruel e insensível como o estado e suas exigências, já começava a estar fora de propósito.
Ninguém como o estado americano perseguiu tanto, pessoas que a seu ver, fugiam de suas regras. Veja por exemplo: Bhagwan Shree Rajneesh, Timothy Leary, John Lenon Wilheim Reich e uma infinidade de outros seres alternativos. Limitaram ou proibiram pelo bem do estado até o uso científico e médico com respeito a determinadas drogas psicodélicas. A consciência não podia ser libertada.
Felizmente não moramos lá. Mas do lado de cá, graça tamanha ignorância, que nem é preciso ações desse tipo, porque o nosso povo é carneiro mesmo, por nascença ou por adoção. Não tivemos o privilégio de estudar filosofia desde os primeiros tempos, pois a Igreja Católica tomou a si o direito de direcionar o seu estudo, segundo os ditames da teologia, não alfabetizamos o nosso povo para poder dominá-lo, daí o uso constante das mentiras que parecem verdades estampadas em todas as nossas instituições. Separamos negros de brancos (nem que seja economicamente), separamos ricos de pobres, com diploma e sem diploma, e vai por aí adiante.
Há inúmeras maneiras de nos livrarmos dos automatismos da consciência implantada, sem nos expropriamos das boas coisas que ela nos deu, como é o caso do indivíduo que para se livrar da água do banho, joga fora junto a criança.
Ler, ler muito para os alfabetizados, duvidar de tudo antes de pensar que o conhecimento recebido é verdadeiro, agir segundo uma intuição treinada, adotar a meditação como norma (até os médicos hoje recomendam), e procurar caminhos de autoconhecimento e autorealização, são a nosso ver, a única forma de revolucionar e libertar nossa mente dessa consciência robótica que nos foi implantada e caminhar pela vida sabendo o que realmente queremos. Não há outra forma.


Espero que sinceramente, esse artigo possa colaborar com o exame de consciência de cada um, permitindo-lhe, na medida do possível adequar sua consciência para a aquisição de uma vida feliz.

Eu pensando em como seria bom que todos os seres humanos fossem realmente conscientes.
(artigo produzido em Brasília e transmitido a partir de Belo Horizonte, onde estou hoje)

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