segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

MENSAGEM DAS 2ªAS FEIRAS

AS MISÉRIAS DO SER (Continuação)


7. O BRASIL NASCEU DE UM “CONTINUUM” DE BARBÁRIES

O Tratado de Tordesilhas, assinado na povoação castelhana de Tordesilhas em 7 de Junho de 1494, foi um tratado celebrado entre o Reino de Portugal e o recém-formado Reino da Espanha para dividir as terras "descobertas e por descobrir" por ambas as Coroas fora da Europa.
Examinem por favor a data do tratado – 1494. Ora como é que se pode assinar um tratado sem conhecer o seu objeto. Está na cara, portanto, de que tanto Portugal como Espanha já tinham conhecimento dessas terras (que alías Colombo prenunciou).
Aí fico me lembrando de que, quando estudante do que hoje chamam primeiro grau de ensino (naquela época escola primária e ginasial), tanto professores quanto os livros e até as enciclopédias da época, nos enfiaram guela abaixo, que o Brasil teria sido descoberto por acaso. Diziam que as caravelas que aqui aportaram iam para as Indias e que por um problema que dizia respeito ou à falta de ventos para as velas, ou por causa das correntes marinhas, tais caravelas vieram a ter (por acaso) no Brasil.
Comecei mal minha instrução escolar a respeito deste país. Burrice dos professores, da escola ou das fontes de informação? Essa sem dúvida foi uma primeira barbárie e contra o cidadão que devia saber da verdade.
Outra barbárie foi o que fez a Realeza de Portugal. Distribuiu aos amiguinhos particulares as terras aqui encontradas, transformadas em sesmarias. E cada um fazia o que queria – muito parecido com o que os governantes e seus amiguinhos fazem hoje.
A segunda barbárie foi a vinda dos Jesuítas para cá. A história da Companhia de Jesus no Brasil inicia com a chegada dos jesuítas em 1549 na Bahia. Aí fundaram um colégio e iniciaram a catequese dos índios.
Vieram primeiramente para escravisar um povo livre e por que não, dono do pedaço. Logo depois viriam os negros africanos para aqui escravizados.
“A partir de 1530,com o conhecimento adquirido no fabrico do açúcar nas ilhas da Madeira e de São Tomé, e depois com a criação em 1549 do Governo Geral para o Brasil, a Coroa portuguesa procurou incentivar construção de engenhos de açúcar no Brasil. Mas os colonos encontraram grandes dificuldades no recrutamento da mão-de-obra e na falta de capitais para financiar a montagem dos engenhos de açúcar. As várias epidemias que, a partir de 1560, dizimavam os escravos índios em proporções alarmantes originou a que Coroa portuguesa fizesse leis que proibiam de forma parcial a escravatura de índios isto é, "proibiam a escravização dos índios convertidos e só permitiam a captura de escravos através de guerra justa contra os índios que combatessem ou devorassem os Portugueses, ou os Índios aliados, ou os escravos; esta guerra justa deveria ser decretada pelo soberano ou pelo Governador-Geral". Outras adaptações desta lei surgiram mais tarde.”
“A coroa Portuguesa autorizou a escravatura com a benção papal, documentada nas bulas de Nicolau V, editadas em 1452, que autorizavam os portugueses a reduzirem os africanos à condição de escravos com o intuito de os cristianizar, A regulamentação da escravatura era legislada nas ordenações manuelinas. A adoção da escravatura vinha assim tentar ultrapassar a grande falta de mão de obra, que também se verificava por toda a Europa”. (Adaptado da página do Wikipédia para economia de tempo).
E aqui os escravos ficaram até fins do século XVIII. Mesmo nesse século quando o Brasil (o último da libertar os escravos, no mundo) começou a sofrer pressões de outros países para acabar pelo menos com o tráfico, ainda assim, decorreram mais de 40 (quarenta) anos para que o tráfico fosse suspenso e mais um longo tempo até a libertação dos mesmos.
Sabe-se hoje, que os tão decantados Padre Antonio Vieira, Manoel de Nóbregra e Anchieta, não vieram para o Brasil de boa vontade, senão por perseguição da Inquisição Portuguesa. Haja visto que nenhum deles voltou à terrinha.(cumprindo degredo?). Aliás, o tão conhecido e decantado Padre Antonio Vieira era aquele dos famosos Sermões. Sabem o que dizia para os escravos? Mais ou menos isso: que eles deviam se conformar com a sua condição, que era melhor do que a dos seus senhores, pois eles, depois de mortos iam para o reino de Deus. Pode?
Continuando essa barbárie toda, os negros depois de passarem pelo vexame da Lei do Ventre Livre (quem não souber o que significa que pesquise), foram libertados pela pena da Princesa Isabel, sem nenhum direito a não ser o de tentarem sobreviver, não sei como. Para o meu entendimento, continuaram em outro estilo de escravidão. E por isso mesmo foram até hoje discriminados, pois a tão decantada discriminação racial no Brasil, não passa de discriminação econômica e financeira.. Felizmente, nos últimos tempos estamos acabando com ela (não sem alguns exageros).
Voltando no tempo, vamos verificar que outra faceta da barbárie seria o Brasil ter se tornado independente (para mim não), com o compromisso de pagar para a Inglaterra, a divida que Portugal devia para ela. Ou seja, começamos devendo aos tudos, e ainda por cima, essas decisões teriam sido tomadas por portugueses aqui radicados, uma vez que o Imperador, toda a sua corte, os dirigentes administrativos e a maioria dos deputados eram oriundos de Portugal. Uma bela lambança!
O Brasil da época era quase todo analfabeto, mandavam no interior, os famosos Coronéis que se portavam como soberanos que a justiça, a moral e a ética nunca alcançavam; nessa época a lingua Tupi-guaraní era plenamente falada aqui, juntamente com o Português; mais tarde o Tupi-guarani foi proibido, sendo aceita somente a lingua portuguesa e assim perdemos a chance de ser um país bilingue, o que seria por si só um charme.
Para completar a época, vocês sabem que até a mudança da Coroa para o Brasil, com a vinda do fujão D. João VI, com medo de Napoleão, não havia sequer uma gráfica no Brasil, sendo assim proibida a publicação de qualquer obra que não fosse antes censurada em Portugal? Não era a toa que Hipólito José da Costa publicava o jornal o Correio Braziliense a partir de Londres.
E como a barbárie não poderia acabar aí, surpresos podem ficar alguns, quando verificarem que o Brasil foi um dos últimos países da América Latina a ter sua universidade, sendo que a Universidade do Brasil só foi fundada em 1930. Até esta época só existia aqui desde 1827: Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho de, 1699; Faculdade de Direito de Olinda, 1827; Faculdade de Direito do Lago São Francisco.
Vejam abaixo o que já acontecia na América Latina em termos de educação, salvo os quatro últimos exemplos:




América Latina e no Caribe (fonte: Enciclopédia Wikipédia – Internet).
• Oficialmente: Universidade Nacional de São Marcos, Peru, 1551. Na operação contínua desde sua fundação em 12 de maio de 1551. É a mais antiga universidade de funcionamento contínuo nas Américas.
• Peru : Universidade Nacional de São Marcos , Lima , 12 maio de 1551, como Real e Pontifícia Universidade de São Marcos, "o decano da universidade da América" (o mais antigo, e a "primeira versão" oficial), pois é a única universidade no continente americano, que sobrevive, ininterruptamente, desde o século 16.
• México : Universidade Nacional Autônoma do México, 21 de setembro de 1551, como Real e Pontifícia Universidade do México (em 1920 muda seu nome para Universidade Nacional Autônoma do México, quando lhe deu a liberdade de definir seu próprio currículo e gerenciar seu próprio orçamento, sem interferência do governo).
• República Dominicana : Santo Tomas de Aquino Universidade, Santo Domingo , fundada por bula papal em 1538, e pelo touro real em 1747. Colômbia : São Tomás de Aquino Universidade , 1580.
• Argentina : Universidade Nacional de Córdoba , 1613.
• Equador : Universidade Central do Equador, 1622, 19 de Maio, Real e Pontifícia Universidade de São Gregório Magno.
• Chile : Universidade do Chile , 1622, 19 de agosto, com a Universidade de Santo Tomás de Aquino, em seguida, Real Universidade de São Felipe (1738).
• Bolívia : Real e Pontifícia Universidade Maior de São Francisco Xavier de Chuquisaca, 1624.
• Guatemala : Universidade de São Carlos de Guatemala , 1676.
• Venezuela : Universidade Central da Venezuela , 1721.
• Cuba : Universidade de Havana, 1728.
• Honduras : Universidade Nacional Autônoma de Honduras , 1847.
• Paraguai : Universidade Nacional de Assunção, 1889.
• Porto Rico : Universidade de Porto Rico, Rio Piedras 1903.
• Jamaica : University of the West Indies , Mona 1948 e University of Technology, Jamaica 1958.
• Suriname : Anton de Kom University , 1968.
• Granada : St. George's University , 1976.
• Dominica : Universidade Ross , 1978.
E para terminar por hoje, vamos também verificar que o Brasil só começou a deslanchar depois de uma revolução fajuta – Revolução de 1930 – que veio dar depois na Ditadura Vargas a partir de 1937, quando aí na verdade, descontados os excessos políticos – assim como a de 1964 – o país veio a tomar corpo.
E chega de barbárie, pois as contemporâneas nos bastam....
(na próxima 2ª feira, mudarei de tema, mas não prometo que não terei uma recaída de vez em quando)
Pensando em como poderia ter sido diferente....

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