segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

AS MISÉRIAS DO SER (continuação)

6. A MISÉRIA MISERÁVEL

Nos artigos da série As Misérias do Ser, tive oportunidade de abordar A Miséria Material, A Miséria da Ignorância, A Miséria Intelectual, A Miséria Moral e Ética e por último A Miséria da Política.
Hoje vamos mesclar algumas dessas misérias num único ser e ver o quanto sua miséria se torna miserável.
Juntando a miséria material com a miséria da ignorância, que, aliás, via de regra andam juntas, temos um ciclo de vida muito interessante para os aproveitadores vinculados ao Estado ou não, uma vez que esse tipo de pessoa se presta a toda e qualquer forma de exploração.
Vimos em artigos anteriores, que a população de nosso país sofre de imensas deficiências, principalmente quando se trata dessa camada social. São, portanto, um grupo que não tem como sair desse caos miserável sozinho. São em torno de 50% da população total.
Se esse grupo pudesse ser incorporado à massa da população com certa independência material e um razoável suporte educacional, certamente não serviria para massa de manobra, principalmente política. No entanto, se esse grupo se desenvolvesse a ponto de poder mais e entender mais, causaria um grande prejuízo aos detentores de nossa política porque eles a partir daí não seriam mais encabrestados para as ações inconscientes por conseqüência.
Na outra série, teríamos que mesclar os detentores da miséria da ignorância, com a miséria intelectual. Bela miséria! Ignorância com vida Intelectual não se casam. Estarão sempre divorciados. A miséria da ignorância impede a conquista de uma vida plena de entendimento e um intelecto desenvolvido na medida certa para uma consciência esclarecida. Se nós somarmos aos 50% do grupo anterior, os que a esse pertencem teríamos então pelo menos mais 20%, perfazendo, portanto, 70% da população, uma vez que a ele teríamos acrescentado os analfabetos funcionais. Ora, agora vemos que o grupo de risco dos que podem ser levados como manadas ficou muito grande, mas, desgraçadamente, verdadeiro.
O próximo grupo seria os com deficiência intelectual e os que sofrem de miséria moral e ética. Ora, se sozinhos os do grupo mais intelectualizado, ainda assim não sabem sequer a diferença entre moral e ética, como vamos esperar que suas ações sejam norteadas com a firme consciência de terem agido corretamente? Sabemos que errar é humano, mas errar conscientemente é uma deslavada safadeza. Nesse caso, tanto a classe dos dirigentes econômico-financeiro-educacional e social, bem como a classe política, não sabendo qual é o uso correto da moral e da ética, falham terrivelmente em seus afazeres e seus projetos.
Por último temos o grupo dos que sofrem de miséria moral e ética e que estão envolvidos com a Política. Vejam que desastre. Esse a meu ver o mais importante uso da moral e da ética, ou seja, na política. Sem esses dois elementos básicos da filosofia, sequer poderia haver política. Na realidade os políticos e os que ajudam a formular algumas importantes leis morais que a sociedade adota ou vem adotar. A ética já é um problema mais complexo, que exige uma certa visão do que seja virtude e como ela caminha lá pelos lados da espiritualidade, fica difícil mesmo em países mais avançados, se pensar em Políticos agindo com ética. Pelo menos MORAL, seria o mínimo necessário para um desempenho razoável em termos de política. Mas até ela falta no conjunto dos atributos da maioria dos políticos. Moral e Ética deviam ser ensinadas desde os tempos da família, passando obrigatoriamente pela escola, bem como por uma boa religião ou filosofia mística quando há oportunidade.
Como a maioria dos nossos dirigentes ao longo do tempo foram seres que de alguma maneira sofreram sua falta ao longo de suas vidas, não poderíamos agora querer que elas estivessem entre nós. Mas porque não começar agora? Será que alguns um pouco mais iluminados não se habilitariam? Mas primeiro teriam que ler esse artigo e concordar com ele, o que seria já um grande avanço.
Concluindo: somando a miséria material com a da ignorância, temos cerca de 110.000.000 (cento e dez milhões) de brasileiros – esses não podem ser considerados ainda verdadeiramente cidadãos. Os restantes, cerca de 80.000.000 (oitenta milhões) dividem-se entre os demais, sendo que os da classe intelectual devem perfazer cerca de 20.000.000 (vinte milhões) entre os que produzem a intelectualidade e os que os seguem através de livros, revistas e jornais e uma pequena parte deles adstritos ao mundo acadêmico.
Dentro desses 20.000.000 (vinte milhões) encontram-se também os que sabem apreciar e cultivar a boa Moral e a boa Ética. São os religiosos com vocação verdadeira (nessa classe há também os aproveitadores), e as pessoas ligadas de alguma maneira ao estudo e cultivo da boa filosofia (há também a má filosofia).
Em suma, este país ainda está por se fazer. Mas quem se interessa? Agregar 110.000.000 (cento e dez milhões de pessoas) ao círculo da melhor vivência é uma tarefa hercúlea. Desde os meus tempos de escola que eu sempre disse que se leva uma geração inteira (25 anos) para se concluir qualquer projeto social. Mas em nosso país, a mania das interrupções intergovernamentais atrapalha tudo (se o antigo Mobral não tivesse sido desativado nos tempos da dita redemocratização, não teríamos hoje nenhum analfabeto), por exemplo.
Embora estejamos cientes de que vivemos uma Miséria Miserável, ainda tenho esperança de que um dia nossos governantes (em todos os níveis) acordem e façam justiça a esse maravilhoso povo brasileiro.

(Eu pensando em tudo que já poderia ter sido feito)

(Continua na próxima 2ª feira)

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